Bloco quer explicações do Governo sobre bloqueio com os médicos e demissões no SNS

BE e Chega criticam suspensão de negociações por causa das eleições de Março e avisam para problemas acrescidos nas urgências por causa do Inverno.

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Director executivo do SNS alertou que Novembro poderia ser um mês "dramático" Nuno Ferreira Santos
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Tendo em conta a continuação do bloqueio negocial entre o Ministério da Saúde e os médicos, a sucessão de encerramentos de serviços hospitalares e, agora, a demissão dos chefes de equipa do serviço de urgência geral do Hospital Garcia de Orta, em Almada, o Bloco marcou para dia 7 de Dezembro uma interpelação ao Governo sobre a situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"O ministro da Saúde tinha anunciado que o mês de Novembro seria caótico, mas está a ser pior" e o cenário poderá piorar com a anunciada vaga de frio, argumentou Pedro Filipe Soares no Parlamento, perante os jornalistas. Na verdade, quem avisara que Novembro poderia ser "dramático" se o Governo não chegasse a acordo com os médicos foi o director executivo do SNS, Fernando Araújo, em entrevista ao PÚBLICO há um mês. O cenário, porém, parece que não vai ficar por aqui, tendo em conta as novas demissões que se vão sucedendo em hospitais, lembrou o deputado bloquista.

"O Governo permanece como um dos bloqueios fundamentais do país", apontou o líder parlamentar do Bloco. "O SNS está pior por causa de António Costa e Manuel Pizarro, que teimam em atacar os profissionais de saúde em vez de arranjar soluções para os problemas", criticou Pedro Filipe Soares, vincando que o legado da maioria absoluta não pode ser o desmantelamento dos serviços de saúde.

Por isso, o Bloco agendou uma interpelação ao Governo para o "instar a responder pelo bloqueio na negociação com os profissionais de saúde e que está a colocar em causa o atendimento e a provocar o caos nos hospitais", justificou o deputado.

Antes, também o líder do Chega defendera que o Governo "não pode ficar refém das eleições de Março para não fazer absolutamente nada na Saúde até lá". André Ventura citou as "demissões em bloco" no Garcia de Orta que se somam às de outros hospitais recentemente, deixando o país "numa situação vulnerável à entrada do Inverno", ao mesmo tempo que o Governo "não deu solução no orçamento e insiste em não continuar as negociações com os vários sectores da Saúde".

Já a bancada parlamentar do Chega vai chamar ao Parlamento, com carácter de urgência, o conselho de administração do hospital de Almada e o bastonário da Ordem dos Médicos. Porque este último tem afirmado que "a situação é transversal a grande parte do país. O Governo não se importa com o que os profissionais dizem sobre o facto de a saúde de boa parte da população estar em risco."

Ventura insistiu que "não há nenhuma desculpa para que o Governo adie as negociações com os médicos e enfermeiros para depois das eleições, que deixe passar todo o Inverno e o período eleitoral, porque os utentes precisam de uma solução já".

As demissões dos chefes de equipa do serviço de urgência do Hospital Garcia de Orta têm-se sucedido nos últimos anos por diversas razões: há precisamente um ano alegaram discordância com a escala de Dezembro por ter equipas com um número de profissionais abaixo dos mínimos; em 2019, dez chefes e outros tantos internistas demitiram-se por discordarem da decisão do conselho de administração de retirar a cirurgia geral da presença física no serviço de urgência.

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