Marcelo diz que recebeu procuradora-geral da República a pedido de Costa

O chefe de Estado considera que “se fechou um ciclo na política portuguesa” com a crise que levou ao pedido de demissão do primeiro-ministro.

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O Presidente e o primeiro-ministro demissionário estiveram juntos hoje na Guiné-Bissau LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, revelou que se reuniu com a procuradora-geral da República, Lucília Gago, no dia 7, data em que se iniciaram as buscas no âmbito da Operação Influencer, a pedido do primeiro-ministro. Marcelo falava aos jornalistas na Guiné-Bissau, onde se encontra, tal como o primeiro-ministro, para as comemorações dos 50 anos da declaração unilateral de independência daquele país.

Questionado sobre quem suscitou o encontro entre o Presidente e a procuradora-geral da República, e qual o intuito da reunião, que decorreu horas antes de António Costa anunciar que tinha pedido a demissão de primeiro-ministro, Marcelo disse que o fez a pedido do chefe do Governo.

“Isso, o primeiro-ministro já esclareceu, que ele pediu para eu pedir o encontro à procuradora-geral da República, mais do que isso não posso esclarecer” disse.

Apesar da actual crise política, espoletada pela demissão do primeiro-ministro no seguimento de uma investigação judicial ao próprio, o Presidente da República garante que o "relacionamento" com António Costa, tanto ao nível pessoal como institucional, não foi afectado.

"O relacionamento entre as pessoas é um relacionamento que é exactamente aquele que era em termos pessoais e institucionais desde sempre", afirmou, garantindo que não houve "nada de especial montado cenicamente para a Guiné-Bissau".

Em declarações aos jornalistas, transmitidas pela RTP3, Marcelo Rebelo de Sousa sinalizou que esteve "dois dias seguidos" com António Costa esta semana, para uma "reunião muito longa" e uma tomada de "posse muito curta", o que "significa que verdadeiramente tudo o que se passou aqui [na Guiné-Bissau] passa-se em Portugal".

E afastou quaisquer leituras sobre o facto de não se ter sentado ao lado do líder do Governo no jantar desta quarta-feira à noite, explicando que se tratou de uma "mera questão protocolar", porque "o protocolo obriga a que primeiro estejam os chefes de Estado", depois os "vice-presidentes" e só a seguir os "primeiros-ministros". Ainda assim, salientou que António Costa era "o primeiro dos primeiros-ministros" na mesa.

"Fechou-se um ciclo na política portuguesa"

Ainda sobre a crise política, desabafando que "foi tudo tão rápido e tão intenso", o Presidente assumiu que esperava que o Governo durasse mais tempo. "É evidente que a minha ideia era a de que a situação que se vivia no dia 6 [anterior à demissão do primeiro-ministro] se pudesse viver de uma forma mais prolongada no tempo", disse, vincando que não imaginava que o ciclo político "se fechasse desta forma no momento em que aconteceu".

Quanto ao futuro, garantiu que estará "disponível para ouvir o povo português", recusando tecer mais comentários sobre a política interna, num contexto de eleições antecipadas: "O pior que poderia fazer era ser interveniente num debate de alguns meses que terá outros protagonistas."

Questionado sobre as críticas do presidente da Assembleia da República e sobre se a justiça comanda a política, o Presidente disse não se querer pronunciar sobre “aquilo que ocorreu, nem o que vai ocorrer”. “O que passou, passou, fechou-se um ciclo na política portuguesa”, disse.

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