Costa e Marcelo viajam para a Guiné deixando o Governo em standby

Depois de reunião de hora e meia, Presidência e gabinete do primeiro-ministro mantiveram-se em silêncio sobre o conteúdo do encontro. Não se sabe quando haverá novo ministro das Infra-estruturas.

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AntónIo Costa na conferência de imprensa que deu este sábado Nuno Ferreira Santos
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Era a reunião mais aguardada desde que o Presidente da República anunciou a marcação de eleições legislativas, na passada quinta-feira, mas do que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa trataram durante a hora e meia do encontro no Palácio de Belém nada se ficou a saber. Aparentemente, o primeiro-ministro e o Presidente da República viajam para a Guiné-Bissau nesta quarta-feira sem resolverem o problema do Ministério das Infra-estruturas.

O cargo de ministro continua vago depois de o Presidente ter aceitado a exoneração com efeito imediato de João Galamba e não se sabe se a pasta será entregue a outro ministro – como o da Economia, da Habitação ou até mesmo da Presidência –, se haverá alguma promoção ou nova entrada no Governo ou até mesmo se o primeiro-ministro não a poderá chamar a si (ainda que o seu nome seja indirectamente citado no processo). Aliás, desconhece-se mesmo qual o prazo para a solução que deve ser proposta por Costa e nomeada por Marcelo.

O que se percebe é que, a nível institucional e diplomático, apesar de estar demissionário, António Costa manteve, afinal a viagem de dois dias, quarta e quinta-feira, à Guiné-Bissau, para participar nas comemorações dos 50 anos da declaração de independência do país. Depois de conhecida a demissão, chegou a falar-se na hipótese de o primeiro-ministro ser representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.

Agora, irá partilhar a viagem com Marcelo Rebelo de Sousa. A confirmação oficial de que António Costa vai à Guiné-Bissau chegou menos de uma hora depois da sua saída de Belém, através de uma nota de agenda do gabinete de comunicação do primeiro-ministro com o programa da viagem. Nem o gabinete de Costa nem a Presidência se pronunciaram sobre a reunião.

Ainda na quinta-feira da passada semana, António Costa anunciara que iria tratar do assunto João Galamba com o Presidente da República em breve e que o ministro estaria no Parlamento no dia seguinte para defender o orçamento da sua pasta. Fê-lo e garantiu que não tencionava demitir-se. Porém, na segunda-feira, pouco depois de serem conhecidas as medidas de coação dos cinco detidos da Operação Influencer, o ministro anunciava que se demitia para salvaguardar a família, insistindo, no entanto, que considera que "não estavam esgotadas as condições políticas de que dispunha” para exercício das suas funções.

A reunião em Belém, que foi apenas tornada pública por António Costa (no sábado, na declaração que fez ao país afirmando-se envergonhado pela apreensão de dinheiro na sua residência oficial e defendendo o investimento público estrangeiro), terá acabado por substituir o encontro semanal das quintas-feiras onde os chefes do Governo e do Estado tratam das questões políticas pendentes.

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