Como explicar a guerra entre Israel e Hamas às crianças

É compreensível que queiramos desligar o televisor ou proibir os filhos de assistir a vídeos sobre o assunto, mas essa abordagem pode ter consequências negativas.

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Famílias palestinanas na fronteira de Rafah, à espera de atravessar para o Egipto EPA/HAITHAM IMAD
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Evitar discutir a guerra com os filhos pode ser tentador, mas, na realidade, é geralmente mais benéfico abordar o assunto. Vivemos na era das redes sociais, onde as notícias inundam as televisões e as cenas de violência, morte e destruição podem ser vistas em tempo real. É quase impossível proteger completamente as nossas crianças dessas informações.

É compreensível que queiramos desligar o televisor ou proibir os filhos de assistir a vídeos sobre o assunto, mas essa abordagem pode ter consequências negativas. Evitar a discussão pode levar as crianças e adolescentes a buscar informações em fontes não confiáveis, aumentar o medo e privá-los do senso de segurança que os pais podem oferecer.

Neste contexto, eis algumas orientações para ajudar os pais a encontrar palavras adequadas para conversar sobre a guerra, independentemente da idade das crianças.

Regulação emocional e compreensão inicial

Independentemente da idade do seu filho, é crucial começar por regular as suas próprias emoções. Em seguida, procure entender o que ele já sabe antes de iniciar explicações mais elaboradas.

Honestidade adequada

Mesmo as crianças pequenas precisam de honestidade por parte dos pais sobre os perigos do mundo. Fornecer informações incorretas pode levar à desconfiança e ao aumento do medo. No entanto, essa honestidade deve ser equilibrada com explicações sobre como os adultos à sua volta estão a trabalhar para nos manter a todos seguros. Isto ajuda as crianças a focarem-se nas ações que estão a ser tomadas para as proteger, mesmo diante de imagens assustadoras.

Observar sinais de alteração no comportamento

Mesmo que o seu filho não faça perguntas, esteja atento a sinais de alteração no seu comportamento que possam indicar que ele está a lidar internamente com algo perturbador que viu ou leu.

Descobrir o que o seu filho já sabe

Descubra o que o seu filho já sabe sobre a situação de guerra e perceba como é que ficou a saber. Explique que o que está a acontecer na guerra é confuso e complicado. Ao mesmo tempo, permita que expresse as suas opiniões e sentimentos.

Escutar e normalizar emoções

Escute ativamente as reações dos seus filhos e perceba quais os medos que eles podem ter. Normalize o facto de que as notícias nos podem deixar preocupados ou assustados. Isto ajuda a criar um ambiente onde as crianças se sintam à vontade para compartilhar os seus sentimentos. Certifique-se de validar esses sentimentos e demonstrar empatia com expressões como “pode ser assustador ouvir falar de guerras, e muitos adultos também estão assustados! Mas vamos superar isso juntos”.

Reforçar a segurança

Mesmo que tenha preocupações sobre o desenrolar e escalar do conflito, explique que a maioria das pessoas são boas e estão a trabalhar para evitar a guerra. Assegure ao seu filho que ele estará sempre rodeado por adultos que têm como objetivo mantê-lo seguro.

Este ponto pode parecer contraditório com as menções anteriores, mas é importante destacar que os especialistas concordam que discutir a guerra com uma criança de 3 anos é desnecessário. Crianças em idade pré-escolar não devem ser expostas a imagens de guerra, pois o seu desenvolvimento ainda não lhes permite compreender plenamente essa experiência. No entanto, elas podem inadvertidamente deparar-se com imagens no televisor ou ouvir alguém comentar sobre o assunto, despertando assim a sua curiosidade. Nessa faixa etária, o foco deve ser tranquilizar a criança, explicando que a guerra está muito distante e que eles estão seguros.

Mesmo quando dizemos a “coisa certa” enquanto pais, tanto as crianças como nós podemos enfrentar dificuldades ao compreender e lidar com as notícias. É importante lembrar que a cobertura extensa dos meios de comunicação pode ser prejudicial para a saúde mental dos adultos e ainda mais para as crianças.

Esteja atento a sinais tais como alterações nos padrões de sono, humor ou alimentação. Se esses sinais persistirem por duas semanas ou mais, é motivo de preocupação e um sinal de que deverá considerar procurar ajuda profissional para apoiar o seu filho neste momento delicado.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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