Cinco mudanças que se vão traduzir em poupança imediata no orçamento lá de casa

Das subscrições escondidas à factura da electricidade, sem esquecer a mensalidade do ginásio, há muito por onde se pode poupar. Nesta terça-feira, assinala-se o Dia Mundial da Poupança.

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Fazer um inventário das despesas é o primeiro passo para poupar Sasun Bughdaryan/Unsplash
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Afogadas pela inflação, as famílias poupam cada vez menos e Portugal é o país da Europa onde mais se estão a reduzir os depósitos bancários. Fazer face às despesas é difícil e poupar pode parecer uma miragem, mas os especialistas garantem que é sempre possível empreender pequenas mudanças em casa, que vão levar a uma poupança imediata. Neste Dia Mundial da Poupança, eis cinco dicas fáceis de aplicar.

Fazer uma radiografia das despesas

Antes de mais, “a única de forma de entendermos para onde está a ir o dinheiro, é fazer um levantamento de todas as despesas”, começa por aconselhar Bárbara Barroso, especialista em finanças pessoais e autora de Ponha o Seu Dinheiro a Trabalhar para Si. Para fazer esse registo, sugere que se utilize uma folha de cálculo ou até uma aplicação de telemóvel.

Ao fazer essa “radiografia”, como lhe chama a antiga jornalista de economia, vai ser possível perceber quais são as “ineficiências financeiras” e o que será possível cortar para ter “um impacto rápido”. Certo é que, “quem nunca olhou para o seu orçamento”, vai encontrar muitas “despesas escondidas”. E diz: “É aquilo que apelido de poupanças escondidas.”

É um cenário transversal à maioria dos orçamentos, cujas três maiores categorias de despesas são habitação, supermercado e transportes. “Qualquer poupança conseguida vai ter um enorme impacto”, insiste.

André Pedro, director da plataforma ComparaJá, dedicada a comparar serviços financeiros, concorda e propõe que, no início de cada mês, se adopte uma estratégia de “pagarmos a nós próprios”. Isto é, depois de feita a radiografia e de perceber o que consegue efectivamente poupar a cada mês, transfira de imediato esse valor para uma conta poupança. “Se nos forçarmos a isso, mesmo que sejam valores pequenos, já faz diferença.”

Coloque sob o holofote a factura da electricidade

Entre a maior falha dos clientes que procuram o serviço da ComparaJá, André Pedro aponta a factura da electricidade. “É onde os portugueses estão mais cómodos. 67% ainda estão na maior comercializadora, que nem sempre tem os preços mais baratos”, diz.

Ainda assim, mudar de comercializador não é sinónimo de poupança certa, mas é importante “procurar alternativas”, deixando o comodismo — sobretudo porque não há fidelização associada. É um tema sobre o qual há muitas dúvidas, reconhece, mas assegura que todas as comercializadoras mais conhecidas de electricidade são seguras, “sem falhas de serviço”.

Se não quiser fazer essa mudança, há outros hábitos que vão encolher o valor da factura da electricidade e, consequentemente, aumentar a poupança. André Pedro dá como exemplo a troca para lâmpadas LED e a atenção aos equipamentos que estão em pausa, como a televisão ou a máquina de café. “Se tiver fichas triplas com interruptor, facilita, porque é só ligar e desligar”, aconselha, acrescentando que “falamos de uma poupança de 5 a 6% na factura”.

Além disso, há outros elementos a analisar, como a potência do quadro eléctrico, que poderá ser superior ao que é necessário. Ao baixá-la, diminui também a factura. “Se o fogão e o forno forem a gás, por exemplo, pode pedir uma potência mais reduzida”, aconselha.

Por fim, leia com atenção a factura, porque ter despesas escondidas, “os chamados serviços de valor acrescentado”, ligados à manutenção de electrodomésticos ou a seguros. “Se viver numa casa arrendada, se calhar não há necessidade de ter esses serviços”.

Renegociar créditos, seguros e contratos

“As pessoas têm um crédito há 20 anos com um banco e não mudam. Não querem ter esse trabalho porque não vêem os ganhos que podem ter”, lamenta Bárbara Barroso. Mas a especialista em finanças pessoais incentiva que pode ser boa altura para procurar uma melhor proposta, o que terá um impacto massivo no orçamento familiar. Depois, “uma vez renegociado, não há mais nada a fazer”, lamenta.

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Adriano Miranda

Depois do crédito à habitação, há outras despesas fixas que podem ser renegociadas, como o seguro de vida associado, que não tem de ser feito na mesma entidade que emprestou o dinheiro. Atenção também a outros seguros que possa ter, por exemplo, associados a equipamentos, frequentemente uma despesa escondida.

Quanto a outras renegociações: terminado o período de fidelização das empresas de telecomunicações é fundamental voltar a discutir o contrato, porque pode haver um “pacote que se adequa mais a nós”, lembra, por sua vez, André Pedro. Pode ser útil também cancelar canais que não utiliza e pelos quais paga mais, como os desportivos, ou prescindir do telefone fixo em casa.

Os jovens, observa, também poderão não sentir falta de ter um serviço de televisão por cabo, uma vez que consomem mais as plataformas de streaming. O contacto para a operadora para renegociar o contrato deve ser feito, idealmente, dois meses antes do final da anterior fidelização.

Atenção às subscrições

E, por falar em streaming, as subscrições são um dos maiores atentados à poupança familiar. Pode não fazer sentido manter a subscrição de uma das plataformas durante o ano todo, se não tiver tempo para ver séries num determinado mês. Se subscreveu apenas para usufruir do mês gratuito, “não se esqueça de colocar um alarme para o lembrar do final desse período”, destaca Bárbara Barroso.

Há ainda subscrições que são esquecidas, como aplicações de telemóvel em modalidade premium, diz a autora, reforçando a importância da tabela com todas as despesas. Outro exemplo clássico são as mensalidades dos ginásios, afiança André Pedro. “Inscrevemo-nos, mas depois não usamos durante dois ou três meses.” É o exemplo perfeito do ditado “grão a grão, enche a galinha o papo”.

Por fim, aumentar as receitas

Feita toda a ginástica de orçamento para cortar as despesas, talvez seja boa ideia procurar aumentar as receitas, propõe a fundadora do laboratório de literacia financeira Money Lab. Bárbara Barroso reconhece que não é fácil aumentar as receitas de forma rápida, mas, se olhar à volta em casa, é provável que encontre coisas das quais já não precisa.

As vendas em segunda mão são, como tal, uma forma rápida e eficaz de aumentar os rendimentos. “Sejam roupas ou outras coisas que podem ter uma segunda vida. Contribuímos para a economia circular e ainda criamos um rendimento extra”, incentiva a especialista.

Com essa atitude proactiva, até pode ser que tenha alguma ideia para pôr os seus talentos a render, num pequeno part-time. Para uma vida financeira saudável, conclui Bárbara Barroso, é preciso sempre “trabalhar nas duas esferas em simultâneo” — poupanças e rendimentos.

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