Nova vacina contra a tuberculose pode vir a ser fabricada em Portugal

A Zendal, biofarmacêutica espanhola, admite o fabrico da sua vacina para a tuberculose na sua fábrica em Paredes de Coura, inaugurada esta sexta-feira pelo primeiro-ministro, António Costa.

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A fábrica de produção de vacinas em Paredes de Coura, inaugurada esta sexta-feira ADRIANO MIRANDA
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Andrés Fernández, CEO da Zendal, biofarmacêutica espanhola que inaugurou esta sexta-feira a primeira fábrica de vacinas em Portugal, admite que a nova vacina contra a tuberculose que está a ser desenvolvida pela empresa pode vir a ser produzida no concelho de Paredes de Coura.

Ao PÚBLICO, após a cerimónia de inauguração que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, o responsável da biofarmacêutica explicou que a fábrica instalada no Alto Minho está preparada para desenvolver o processo completo de uma vacina, desde “a produção do antigénio até ao processo de embalagem e liofilização”, e que a nova vacina experimental contra a tuberculose, a Mtbvac, pode vir a ser desenvolvida numa das novas fábricas construídas pela empresa. “Ainda não está decidido se será em Espanha ou em Portugal”, revelou o responsável.

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O primeiro-ministro, António Costa, na inauguração da fábrica de vacinas em Paredes de Coura ADRIANO MIRANDA

A vacina em desenvolvimento pela Zendal pretende substituir a secular BCG no combate aos efeitos da doença causada pela bactéria do bacilo de Koch através de um processo que usa uma estirpe atenuada de tuberculose humana com um potencial infeccioso baixo, baseado na inactivação de genes. Para já, a Mtbvac, cuja previsão de entrada no mercado está apontada para entre 2026 e 2028, está a ser testada na sede da Zendal, em Porrinho, na Galiza.

Vacinas para terceiros já em produção

Por sua vez, na unidade industrial de Paredes de Coura estão actualmente a ser desenvolvidas vacinas víricas e bacterianas que permitirão à empresa ter “autonomia e capacidade de resposta a possíveis emergências futuras, mas acima de tudo trabalhará na prevenção.” Na vila do Alto Minho, para já, estão a ser produzidas vacinas de “clientes terceiros”. “São vacinas que cultivam bactérias que podem afrontar diferentes tipos de doenças, mas das quais não podemos falar porque a tecnologia é de terceiros”, referiu Andrés Fernández. Escusando-se a dizer para que infecções se destinam essas vacinas, apenas revelou que a Zendal está “agora a trabalhar com um parceiro brasileiro para produzir um novo tipo de vacina bacteriana”.

Já o primeiro-ministro afirmou, após uma visita ao interior das instalações da fábrica ao qual os jornalistas não tiveram acesso, que a nova fábrica de vacinas pode configurar o arranque de um “grande pólo biotecnológico na região do Norte de Portugal e da Galiza”. António Costa enalteceu ainda a capacidade de a fábrica poder vir a produzir, anualmente, até 84 milhões de doses de vacinas que prevenirão “a mais ampla gama de doenças”. “Infelizmente há muita necessidade de continuar a prevenir muitas doenças. As que já existem e das que hão-de existir”, assinalou.

A nova fábrica de vacinas instalada em Paredes de Coura tem uma dimensão de 4100 metros quadrados, albergando áreas técnicas, zona de produção, armazém e escritórios, num investimento de 25 milhões de euros – 4,7 dos quais financiados ao abrigo do Fundo Europeu de Desenvolvimento Rural (FEDER) no âmbito do Portugal 2020. A verba inicial prevista pela Zendal para a unidade industrial foi de 15 milhões de euros, mas a necessidade de se efectuarem “melhorias técnicas” na fábrica obrigou a um aumento de dez milhões face ao plano inicial, ficando assim o investimento total em 25 milhões, adiantou Andrés Fernandéz.

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