Biden pede ao Congresso financiamento urgente para Israel e Ucrânia: “Vivemos um ponto de inflexão”

Pacote financeiro ascenderá aos 100 mil milhões de dólares, a maioria para a Ucrânia. Presidente dos EUA relacionou desfecho dos dois conflitos com segurança nacional e futuro das democracias.

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Joe Biden falou a partir da Sala Oval da Casa Branca Reuters/JONATHAN ERNST
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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dirigiu-se esta noite de quinta-feira aos norte-americanos, a partir da Sala Oval da Casa Branca, para anunciar e justificar um pedido ao Congresso de um pacote financeiro que ascenderá aos 100 mil milhões de dólares, destinado a reforçar a defesa de Israel e da Ucrânia.

“Vivemos um ponto de inflexão na História, um momento cujas decisões vão determinar as décadas vindouras”, disse Biden no início de uma declaração em que traçou um paralelo entre a guerra na Ucrânia e o conflito entre Israel e o Hamas, e em que relacionou o desfecho das duas crises com a segurança dos Estados Unidos e com o futuro das democracias liberais.

"A História ensinou-nos que, quando os terroristas não pagam um preço pelo seu terror, quando os ditadores não pagam um preço pela sua agressão, eles causam mais caos, mais morte e mais destruição, e os custos e as ameaças para América e para o mundo aumentam", afirmou.

“Hamas e Putin representam ameaças diferentes, mas têm algo em comum: aniquilar uma democracia vizinha”, disse. “A vitória de Israel e da Ucrânia é vital para a segurança dos Estados Unidos”, argumentou.

“Se não travarmos o apetite de Putin em relação à Ucrânia, ele não vai parar por ali”, disse, referindo as recorrentes alusões do Presidente russo e de altas figuras do Kremlin aos países bálticos e à Polónia, membros da NATO.

"A liderança americana é o que mantém o mundo unido. As alianças americanas são o que nos mantém, a América, seguros", disse.

Biden implicou ainda o Irão nos dois conflitos.

Num discurso em que repetiu o apoio norte-americano a Israel, Biden reiterou contudo o “compromisso dos Estados Unidos perante o direito do povo palestiniano à dignidade e à autodeterminação”.

“Não podemos desistir da paz, não podemos desistir da solução de dois estados”, disse, repetindo o que afirmou na quarta-feira em visita a Israel. Biden pediu novamente contenção a Telavive na resposta militar aos ataques do Hamas, sublinhou a necessidade de proteger a população civil palestiniana e de viabilizar rapidamente o envio de ajuda humanitária para Gaza. “As pessoas em Gaza precisam urgentemente de comida e água”, disse. "Não podemos ignorar a humanidade dos palestinianos inocentes que só querem viver em paz", declarou.

Biden voltou ainda a afirmar que os Estados Unidos não consideram Israel responsável pelo bombardeamento de um hospital em Gaza na terça-feira. As autoridades palestinianas locais, controladas pelo Hamas, responsabilizam Telavive que, por sua vez, aponta o dedo a um míssil errante alegadamente disparado pela Jihad Islâmica em Gaza.

Pedido segue para Congresso paralisado

A imprensa norte-americana, citando fontes da Casa Branca e do Pentágono, coloca o valor do pacote de ajuda solicitado por Biden em 100 mil milhões de dólares. Cerca de 60 mil milhões estão destinados à Ucrânia. O pedido ao Congresso deverá ser formalizado esta sexta-feira.

A resposta, no entanto, poderá tardar. A Câmara dos Representantes encontra-se paralisada pelo impasse republicano na eleição do novo speaker - a câmara baixa do Congresso está sem líder há mais de duas semanas. Já no Senado, o pedido de ajuda deverá receber luz verde dos democratas e de parte dos republicanos.

“Sei que temos as nossas divergências domésticas. Temos de superá-las. Não podemos permitir que a pequena política, sectária e agressiva, se atravesse à frente das nossas responsabilidades enquanto uma grande nação. Não podemos deixar Putin e o Hamas vencerem”, defendeu Biden.

Para tentar garantir o apoio dos republicanos, o pedido da Administração democrata incluirá, num único pacote, financiamento não só para a Ucrânia (cujo apoio da oposição republicana esfriou) e para Israel, mas também para Taiwan e para o reforço da segurança da fronteira norte-americana com o México.

As verbas pedidas, argumentou o Presidente dos EUA, serão “um investimento inteligente que vai manter os americanos seguros durante gerações”.

Na declaração desta noite, Biden dirigiu-se ainda às comunidades judaicas e muçulmanas nos Estados Unidos, abaladas por uma vaga de incidentes de motivações xenófobas e políticas desde o início da actual crise no Médio Oriente. “Temos de condenar inequivocamente o anti-semitismo. Temos de condenar inequivocamente islamofobia”, disse, mencionado directamente o homicídio em Chicago de Wadea al-Fayoume, uma criança palestino-americana de seis anos.

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