Num kibbutz junto a Gaza, israelitas encontraram cenário de “massacre”

Kfar Aza terá sido um dos primeiros locais a ser atacado pelo Hamas no sábado passado. Muitos dos seus residentes foram mortos ou raptados até o Exército israelita chegar.

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Dezenas de corpos foram encontrados nas casas e jardins de Kfar Aza VIOLETA SANTOS MOURA/Reuters
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Soldados israelitas recuperaram o controlo da comunidade apenas ao fim de dois dias de combates intensos ATEF SAFADI/EPA
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Dezenas de corpos foram encontrados nas casas e jardins de Kfar Aza ATEF SAFADI/EPA
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As marcas de violência estão patentes em todo o lado RONEN ZVULUN/Reuters
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Dezenas de corpos foram encontrados nas casas e jardins de Kfar Aza VIOLETA SANTOS MOURA/reuters
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Dezenas de corpos foram encontrados nas casas e jardins de Kfar Aza RONEN ZVULUN/Reuters
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Soldados israelitas recuperaram o controlo da comunidade apenas ao fim de dois dias de combates intensos RONEN ZVULUN/Reuters
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Soldados israelitas recuperaram o controlo da comunidade apenas ao fim de dois dias de combates intensos RONEN ZVULUN/Reuters
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A pouco mais de dois quilómetros da vedação que separa Israel da Faixa de Gaza, o kibbutz de Kfar Aza foi um dos primeiros alvos do ataque em larga escala do Hamas no sábado passado. Quatro dias depois, na terça-feira, os soldados israelitas ainda vasculhavam os edifícios da comunidade para se certificar de que já não havia combatentes nas redondezas ou que estes não tinham deixado armadilhas para trás.

E foi então que começaram a retirar os corpos dos residentes, um após o outro, e a colocá-los em sacos pretos e brancos no exterior das casas. Os jornalistas da imprensa internacional que estiveram no kibbutz na terça-feira, em visita organizada pelas Forças Armadas israelitas, descrevem o cheiro a putrefacção que se sentia no ar. “Os terroristas assassinaram as pessoas que não raptaram ou as que não fugiram. Não há sobreviventes, é um pesadelo”, desabafava ao Le Monde um soldado que estava até agora na reserva.

David Ben Zion, subcomandante de uma unidade de pára-quedistas, explicou o cenário que encontraram. “Mataram-nos e cortaram algumas cabeças, é uma coisa terrível de se ver”, disse à BBC. Entre as vítimas mortais, há famílias inteiras. “Mães, pais, bebés, famílias jovens mortas nas suas camas, nas salas de pânico, nas salas de jantar, no jardim. Isto não é guerra, não é um campo de batalha, é um massacre”, resumiu aos jornalistas o major-general Itai Veruv.

O canal de televisão israelita i24, que também participou na visita de imprensa, noticiou, citando soldados presentes no local, que entre as vítimas decapitadas estariam bebés. Esta informação não foi avançada por nenhum outro meio de comunicação internacional e um porta-voz das Forças Armadas israelitas disse à agência turca Anadolu que “não tinha quaisquer detalhes ou confirmação sobre isso”.

Por estarem tão próximos de Gaza, os cerca de 750 habitantes deste kibbutz estão habituados ao lançamento regular de rockets e a viver num estado de ligeira tensão permanente. Mas o ataque de sábado surpreendeu-os tanto quanto a todo o país. O The Washington Post visitou uma casa em que chávenas com café e leite ainda estavam em cima da mesa da cozinha, enquanto o chão à volta tinha manchas de sangue.

Os homens do Hamas pegaram fogo às casas “para expulsar os seus ocupantes” e depois matá-los, disse à AFP um soldado. “Mas muitos preferiram morrer no fogo, talvez intoxicados pelo fumo, a serem mortos pelos terroristas”, acrescentou Omer Barak, afirmando que encontraram “muitos cadáveres dentro das casas”.

As forças israelitas demoraram 12 horas a chegar a Kfar Aza e só depois de um combate feroz conseguiram recuperar o seu controlo. Os jornalistas viram corpos de homens do Hamas espalhados pela comunidade.

“Não faço ideia de onde estava o nosso Estado”, insurgiu-se Shay Lee Atari, uma habitante de Kfar Aza que conseguiu esconder-se e fugir. No hospital em que ainda se encontra, esta mãe de um bebé com um mês, que também sobreviveu ao ataque, descreveu a meios de comunicação israelitas como se escondeu na despensa, coberta por sacos, até procurar abrigo na casa de uns vizinhos. Passaram 27 horas até aos soldados israelitas chegarem. “Abandonaram-nos. Estavam no Twitter, era lá que estavam”, atirou irritada, segundo o The New York Times.

Entretanto, o Hamas veio negar que os seus homens tenham cometido as atrocidades que os soldados israelitas lhes imputam. Em comunicado, o grupo diz que tudo não passa de “acusações fabricadas” e “difundidas por alguns meios de comunicação ocidentais que adoptam a narrativa sionista”.

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