Rumble recusa suspender ganhos de Russell Brand na plataforma
Legisladores britânicos apelaram ao Rumble que seguisse o exemplo do Youtube. Mas a rede social canadiana recusa-se a fazer parte da “turba da cultura de cancelamento”.
A plataforma de vídeos online Rumble respondeu às preocupações expostas por legisladores britânicos sobre a capacidade de Russell Brand ganhar dinheiro com a sua presença naquela rede social, depois de o comediante e actor ter sido denunciado como agressor sexual, e posteriormente acusado pelo menos por uma mulher.
Brand usou a plataforma canadiana, onde tem 1,42 milhões de seguidores, para negar as acusações no sábado, dizendo que, “apesar de promíscuas, todas as suas relações [sexuais] foram consensuais”.
Na terça-feira, o YouTube disse que tinha suspendido a capacidade de Brand ganhar dinheiro com o seu canal, onde tem 6,6 milhões de subscritores.
O YouTube, propriedade da Alphabet Inc, empresa-mãe da Google, afirmou que Brand tinha violado a sua política de responsabilidade dos criadores. “Se o comportamento de um criador fora da plataforma prejudica os nossos utilizadores, funcionários ou ecossistema, tomamos medidas para proteger a comunidade”, disse um porta-voz do da empresa.
Entretanto, a deputada Caroline Dinenage, presidente da Comissão de Cultura, Media e Desporto do Parlamento britânico, perguntou ao director executivo do Rumble, Chris Pavlovski, numa carta, se Brand era capaz de rentabilizar o seu conteúdo no site, incluindo os vídeos relacionados com as acusações.
“Em caso afirmativo, gostaríamos de saber se o Rumble tenciona juntar-se ao YouTube e suspender a capacidade do senhor Brand de ganhar dinheiro na plataforma?”
Pavlovski considerou a carta “extremamente perturbadora” e disse ser “profundamente inapropriado e perigoso que o Parlamento britânico tente controlar quem pode falar na nossa plataforma ou ganhar a vida com isso”.
“Embora possa ser política e socialmente mais fácil para o Rumble juntar-se à turba de uma cultura de cancelamento, fazê-lo seria uma violação dos valores e da missão da nossa empresa”, disse ele numa declaração publicada no X (ex-Twitter), na noite de quarta-feira.
“Rejeitamos enfaticamente as exigências do Parlamento britânico”, resumiu.
O jornal Sunday Times e o documentário Dispatches, do Channel 4, revelaram, no sábado, que quatro mulheres tinham acusado o homem de 48 anos de agressões sexuais, entre as quais violação, entre 2006 e 2013. Já na segunda-feira, a Polícia Metropolitana de Londres informou ter recebido uma queixa de agressão sexual que datava de 2003.
Entretanto, outra mulher veio a público denunciar Brand por má conduta sexual, noticia a BBC Online. A queixosa conta que, em 2008, quando trabalhava no mesmo edifício da estação de televisão pública britânica em Los Angeles, EUA, se cruzou com Brand, que lhe mostrou o pénis, tendo o incidente sido comentado no programa de rádio que o actor apresentava: Brand ouve-se a rir enquanto Matt Morgan, que co-apresentava, diz que o colega “mostrou o seu pénis a uma senhora”.
Confrontado com o episódio, Morgan explicou à BBC Online que, “até agora, não tinha conhecimento da natureza deste encontro”.
A mulher nunca apresentou uma queixa formal, mas a direcção da BBC foi informada do incidente anos depois, em 2019, tendo considerado que não havia necessidade de tomar medidas sobre o assunto. Numa declaração, a BBC disse que lamentava as alegações e que as iria investigar como parte de uma revisão do tempo de Brand na empresa.