Azerbaijão diz que começou operações “antiterroristas” em Karabakh

O Ministério da Defesa afirmou que o objectivo era expulsar o que disse serem grupos armados arménios. A Arménia diz que as suas forças armadas não estão presentes em Karabakh.

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O conflito entre Azerbaijão e Arménia em Nagorno-Karabakh dura há mais de 30 anos EPA/MAXIM SHIPENKOV

O Azerbaijão lançou “actividades antiterroristas” na região separatista de Nagorno-Karabakh, dizendo querer repor a “ordem constitucional” e expulsar o que disse serem formações militares arménias – uma acção que se teme que possa ser o prelúdio de uma nova guerra na região.

O Ministério da Defesa do Azerbaijão afirmou, em comunicado, que tinha a intenção de “desarmar e conseguir a retirada de formação das forças armadas arménias dos nossos territórios e neutralizar as suas infra-estruturas militares".

Disse que estava a atingir apenas alvos militares legítimos com “armas de alta precisão” e não civis no que disse ser uma acção para “repor a ordem constitucional da República do Azerbaijão”.

Em relação aos civis, havia vários corredores humanitários por onde poderiam sair, incluindo um para a Arménia.

A Arménia, que diz que as suas forças armadas não estão presentes em Karabakh, disse numa declaração do seu Ministério da Defesa que a situação na fronteira com o Azerbaijão era estável.

A região de Karabakh, reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão, tem uma grande maioria da população de etnia arménia e deixou de estar sob controlo de Bacu no início dos anos 1990 após uma guerra.

O Azerbaijão voltou a conquistar partes de território numa guerra de 2020, mas as autoridades de etnia arménia mantiveram o controlo de parte de Karabakh, incluindo da capital.

Um cessar-fogo negociado pela Rússia, com uma força russa de manutenção de paz, tem sido frágil e interrompido por ataques frequentes e acusações mútuas.

A Arménia acusa a Rússia, concentrada na sua invasão da Ucrânia, de estar demasiado distraída para garantir a sua segurança.

O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros disse que estava em contacto com o Azerbaijão e que faria uma comunicação em breve.

Ruben Vardanyan, um banqueiro multimilionário e que até Fevereiro foi um alto funcionário da administração de Karabakh de etnia arménia, escreveu no X (ex- Twitter): “O Azerbaijão iniciou um enorme ataque de artilharia contra Nagorno-Karabakh, atingindo cidades e civis em grande escala.”

A Reuters não conseguiu verificar as afirmações de ambos os lados.

Bacu disse ter informado a força de manutenção da paz da Rússia e ainda com um centro de monitorização turco-russo, que se destina a ajudar a garantir o cumprimento do cessar-fogo de 2020.

O Azerbaijão anunciou a operação depois de se queixar que seis dos seus cidadãos tinham morrido vítimas de minas terrestres em dois casos, dizendo que a responsabilidade era de “grupos armados ilegais arménios”.

A escalada aconteceu um dia depois da chegada de comida e medicamentos, que eram necessários com urgência, a Karabakh através de duas estradas em simultâneo, um passo que parecia poder ajudar a diminuir a tensão entre o Azerbaijão e a Arménia.

Bacu tinha imposto, até aos últimos dias, restrições alargadas ao que podia passar pelo corredor Lachin, a única via que liga a Arménia com Karabakh, e não tinha permitido a entrada da ajuda alegando que a via era usada para tráfico de armas.

A Arménia dizia que as acções do Azerbaijão, que dizia estarem a causar uma catástrofe humanitária, eram ilegais.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arménia disse na segunda-feira que a posição diplomática do Azerbaijão parecia indicar que Bacu estava a preparar algum tipo de acção militar.