Escolha de um tártaro para ministro da Defesa da Ucrânia é uma “mensagem poderosa”

Rustem Umerov, um tártaro da Crimeia, vai substituir Oleksii Reznikov à frente do Ministério da Defesa. É um sinal do compromisso da Ucrânia em reaver a península, dizem analistas.

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Rustem Umerov foi nomeado ministro da Defesa da Ucrânia EPA/STR
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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou no domingo à noite que vai pedir ao Parlamento a aprovação da nomeação de Rustem Umerov, actualmente director do Fundo de Propriedades do Estado, para substituir Oleksii Reznikov, que era o ministro da Defesa desde Novembro de 2021 e foi responsável por supervisionar o fornecimento de milhares de milhões de dólares em armamento e outros apoios pelos parceiros internacionais da Ucrânia.

“Acredito que o ministério necessita de novas abordagens e de outros formatos de interacção, tanto com o Exército como com a sociedade como um todo”, afirmou Zelensky.

A saída de Reznikov acontece ao fim de meses de especulação acerca da sua substituição. Embora não tenha sido acusado pessoalmente nas várias investigações de corrupção em curso, e de Zelensky não ter referido qualquer conduta reprovável, várias alegações de subornos ao mais alto nível têm posto o Ministério da Defesa na mira.

Num comunicado enviado ao Washington Post, Reznikov insistiu ter trabalhado para afastar a corrupção e que o ministério estava a funcionar com maior supervisão e com procedimentos de contratação mais competitivos.

David Arakhamia, o líder da bancada parlamentar do Governo, disse esta segunda-feira que o novo ministro “tem muita confiança por parte das instituições internacionais” e que é chegado o tempo para uma nova fase no ministério.

Daria Kaleniuk, directora-executiva do Centro de Acção Anti-Corrupção, disse, numa publicação no Facebook, que Umerov tem uma “visão estratégica sólida” e que é um “negociador talentoso”.

Umerov e a sua família são tártaros da Crimeia, um grupo minoritário predominantemente muçulmano da península anexada ilegalmente pela Rússia em 2014. Enquanto esteve no Parlamento, co-presidiu uma iniciativa concentrada em retirar a Crimeia do controlo russo. Também esteve envolvido em negociações importantes relacionadas com a libertação de presos de guerra ucranianos, disse um dirigente governamental que falou sob anonimato por não ter autorização para abordar o assunto.

“O simples facto de um tártaro da Crimeia ter sido nomeado ministro da Defesa é uma mensagem poderosa para o mundo acerca da forma como a Ucrânia planeia acabar a guerra”, escreveu Kaleniuk.

Na mensagem, a activista acrescentou que Reznikov “adiou qualquer tomada de decisão” relacionada com reformas no ministério e “infelizmente não se demitiu” após o escândalo de fornecimento de alimentação. A sua saída era “uma questão de tempo” após as mais recentes alegações de corrupção, acrescentou.

“A demissão de Reznikov é um bom sinal. É um sinal de que a pressão pública na Ucrânia resulta, apesar da invasão em larga escala”, afirmou.

Tamila Tasheva, a representante presidencial para a Crimeia, que está actualmente em Kiev, disse que Umerov trabalhou pela libertação de presos políticos e foi uma figura central nas relações da Ucrânia com o Golfo Pérsico e com a Turquia.

A decisão de nomear um tártaro da Crimeia para o cargo “é um sinal importante para a sociedade ucraniana e para todos os nossos cidadãos na Crimeia de que a Ucrânia irá lutar até que a Crimeia seja libertada da ocupação russa”, afirmou. “Alguém originário da Crimeia, representante dos povos indígenas tártaros, ser ministro da Defesa é em si mesmo um testemunho das prioridades do Estado em relação à Crimeia.”

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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