Depois de arranque forte do ano, economia estagna no segundo trimestre

PIB português regista variação em cadeia nula no segundo trimestre. Um resultado igual ao da UE e que faz recuar a variação homóloga de 2,5% para 2,3%, ainda assim bastante acima da média europeia.

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Exportações recuaram no segundo trimestre Duarte Drago
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Depois de, nos primeiros três meses do ano, ter surpreendido com um crescimento acima do esperado, a economia portuguesa estagnou no segundo trimestre. Uma variação do PIB acima dos 2% no total do ano continua a estar no horizonte, mas a previsão de 2,7% feita pelo Governo torna-se mais difícil de concretizar.

De acordo com a primeira estimativa dos dados das contas nacionais publicados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, Portugal registou, no segundo trimestre de 2023, uma variação nula face ao trimestre imediatamente anterior. Este resultado representa uma quebra de ritmo acentuado face àquilo que tinha acontecido no primeiro trimestre do ano, período no qual a taxa de variação em cadeia do PIB atingiu os 1,6%.

O resultado agora obtido fez a taxa de variação homóloga do PIB baixar dos 2,5% registados no primeiro trimestre para 2,3%.

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Nesta estimativa rápida, o INE não divulga ainda os valores concretos registados em cada uma das componentes do PIB. No entanto, assinala que a variação nula do PIB em cadeia teve um contributo “negativo” da procura externa líquida “em consequência do comportamento das exportações, compensando o aumento do contributo da procura interna que reflectiu a aceleração do consumo privado”.

Isto é, em relação àquilo que tinha acontecido no primeiro trimestre, registou-se agora um desempenho mais fraco das exportações, que tinham sido o principal factor por trás do forte arranque de ano, e uma aceleração do consumo privado, que não foi suficiente para compensar o resultado menos favorável proveniente das relações económicas com o exterior, a que não será alheia a forma como a economia europeia está a reagir à actual conjuntura de inflação e taxas de juro altas.

Europa também parada

A economia europeia, que nos dois trimestres anteriores já esteve praticamente estagnada, manteve no segundo trimestre o mesmo tipo de desempenho. De acordo com os dados provisórios publicados também esta segunda-feira pelo Eurostat, o PIB da União Europeia registou uma variação em cadeia nula (tinha crescido 0,2% no primeiro trimestre, fazendo a variação homóloga cair de 1,1% para 0,5%).

Já no que diz respeito à zona euro, os dados continuam a ser fortemente influenciados pela enorme volatilidade do indicador do PIB da Irlanda (cujos dados reflectem muitas vezes a evolução dos fluxos financeiros das grandes multinacionais estrangeiras presentes no país). A variação em cadeia do PIB da zona euro foi no segundo trimestre de 0,3% (tinha sido de zero no primeiro), mas isso foi em parte resultado do crescimento de 3,3% verificado no PIB irlandês, que no trimestre anterior tinha caído 2,8%.

Em termos homólogos, o PIB da zona euro passou de um crescimento de 1,1% no primeiro trimestre para 0,6% no segundo.

A variação nula do PIB em Portugal no decorrer do segundo trimestre está em linha com o que aconteceu na Alemanha, fica abaixo do que aconteceu em França (variação de 0,5%) e Espanha (0,4%), mas é melhor do que o resultado italiano (-0,3%).

Quando se analisa o crescimento registado da economia ao longo do último ano, o desempenho português é claramente superior à média da UE e da zona euro, com a variação homóloga do PIB de 2,3% distante dos 0,6% da zona euro e dos 0,5% da UE. Entre os 12 países da UE para os quais há dados disponíveis neste momento, Portugal apenas fica atrás da Irlanda neste indicador, um resultado que se deve sobretudo ao crescimento forte conseguido pela economia nacional durante o primeiro trimestre deste ano.

É também por causa do bom arranque de ano que, apesar desta estagnação da economia no decorrer do segundo trimestre, Portugal continua a ter no horizonte um crescimento na casa dos 2% no total do ano de 2023. De facto, mesmo que o PIB continue no terceiro e quarto trimestres a apresentar taxas de variação trimestrais nulas, a taxa de crescimento anual atingida seria de 2,1%. Isto significa que, apenas uma variação negativa do PIB na segunda metade do ano, poderá colocar o país em 2023 com um crescimento abaixo de 2%.

Já para que seja atingida a variação do PIB de 2,7% apresentada recentemente pelo ministro das Finanças como nova estimativa do Governo para este ano, será necessário que, depois de estagnar no segundo trimestre, a economia seja capaz de registar, nos trimestres que faltam, uma variação média de 0,7%.

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