Greve dos médicos com adesão acima dos 90% nos primeiros dois dias, diz sindicato

Termina esta quinta-feira a greve nacional de três dias convocada pelo SIM. Segundo o secretário-geral Jorge Roque da Cunha, esta paralisação está a ter “uma grande expressão”.

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Sindicato estima que não se tenham realizado cerca de 62 mil consultas nos cuidados de saúde primários e cerca de 48 mil nos cuidados hospitalares Matilde Fieschi
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É um sinal “do descontentamento” dos médicos, aponta o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que contabiliza uma adesão nos primeiros dois dias de greve acima dos 90%. A paralisação nacional termina hoje, mas já há mais marcadas para o próximo mês. Clínicos exigem melhores condições de trabalho e salariais. Esta sexta-feira realiza-se mais uma ronda negocial com o Ministério da Saúde.

Segundo o secretário-geral Jorge Roque da Cunha, esta greve está a ter “uma grande expressão”. O sindicato contabiliza nos primeiros dois dias da paralisação uma adesão de “cerca de 93% nos cuidados de saúde primários e de cerca de 91% nos cuidados hospitalares”, disse, referindo que em algumas unidades, como o Litoral Alentejano, Beja, Braga e Faro em que as adesões rondaram os 100%.

“Estimamos que não se tenham realizado cerca de 62 mil consultas nos cuidados de saúde primários e cerca de 48 mil nos cuidados hospitalares. Nas cirurgias é mais difícil fazer a contabilidade, mas terão sido umas centenas que não se realizaram”, adiantou Jorge Roque da Cunha.

O mesmo salientou o “sinal dado pelo Presidente da República, quando vetou o diploma dos professores, que fala de duas áreas essenciais: a educação e a saúde”. “Apelamos ao Primeiro-Ministro, ao ministro das Finanças e ao ministro da Saúde que atentem às sábias palavras do Presidente.”

Na sexta-feira está prevista mais uma reunião negocial com o Ministério da Saúde, em conjunto com a Federação Nacional dos Médicos (que também tem agendada uma greve nacional para 1 e 2 de Agosto), mas para já não se vislumbra fumo branco que possa desconvocar a greve às horas extraordinárias que os médicos de família estão a realizar e as próximas paralisações que o SIM tem já agendadas para o próximo mês e que são regionais.

O primeiro pré-aviso já foi emitido e é para a zona Centro nos dias 9 e 10 de Agosto. Estão abrangidos todos os serviços e estabelecimentos onde os trabalhadores médicos exercem funções na área da Administração Regional de Saúde do Centro.

“A presente luta dos trabalhadores médicos visa fazer com que o Governo dê uma resposta efectiva ao caderno reivindicativo sindical, visa também o urgente encerramento da actividade da mesa negocial constituída entre o Governo e o SIM, e que, especifica e prioritariamente, seja apresentada pelos Ministros das Finanças e da Saúde uma proposta de grelha salarial que reponha a carreira das perdas acumuladas por força da erosão inflacionista da última década e que posicione com honra e justiça toda a classe médica, incluindo os médicos internos, na Tabela Remuneratória Única da função pública”, justifica o sindicato na nota do pré-aviso de greve.

Na quarta-feira, o SIM entregou uma carta aberta ao Primeiro-Ministro, exigindo que "crie condições para investir no Serviço Nacional de Saúde". "Pedimos ao primeiro-ministro que seja primeiro-ministro e que seja o presidente do sindicato de todos os portugueses, que crie condições para investir no Serviço Nacional de Saúde [SNS)", disse Jorge Roque da Cunha, citado pela Lusa.

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