Médicos iniciam greve nacional de três dias por revisão de grelha salarial

Paralisação convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos decorre em simultâneo com uma greve ao trabalho extraordinário.

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Médicos contestam a falta de apresentação de uma propostas para revisão salarial Matilde Fieschi

Os médicos do sector público iniciam esta terça-feira uma greve nacional de três dias para forçar o Governo a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, que o ministro da Saúde prometeu na segunda-feira enviar aos sindicatos.

Convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), a paralisação decorre em simultâneo com uma greve ao trabalho extraordinário, iniciada na segunda-feira pelos médicos de família, com a duração de um mês, e também promovida pela mesma estrutura sindical.

Para sexta-feira está marcada uma nova reunião negocial entre Governo e sindicatos.

Na sexta-feira passada, no final de uma reunião negocial, o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, acusou o Ministério da Saúde de "não apresentar os documentos negociais", asseverando que só iria à próxima reunião com a tutela se recebesse as propostas do Governo antecipadamente.

Na véspera do primeiro dia da greve nacional, que termina na quinta-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, assegurou que iria apresentar uma proposta de revisão da grelha salarial aos médicos e lamentou o "criticismo excessivo" que tem havido sobre a forma como têm decorrido as negociações, que se iniciaram ainda em 2022 com a antecessora ministra Marta Temido, mas que resultaram até à data sem acordo entre as partes.

Na fase de discussão do protocolo negocial, em Julho de 2022, Governo e sindicatos concordaram em incluir a grelha salarial dos médicos do Serviço Nacional de Saúde nas negociações.

Em declarações à CNN Portugal, o secretário-geral do SIM disse esperar uma forte adesão à greve. "Temos a expectativa, em função do que tem sido atitude do Governo no sentido de não apresentar propostas, que vamos ter uma grande adesão", disse Jorge Roque da Cunha, referindo que os dados iniciais fazem estimar uma adesão "muito próxima dos 90%".

Um número que "representa o descontentamento dos médicos em relação ao Governo", por não apresentar propostas mas também pela perda de poder de compra que os médicos têm sentido nos últimos anos, considerou o representante do sindicato.

Jorge Roque da Cunha lembrou que "nunca como agora" houve tantos utentes sem médico de família atribuído e salientou que apesar de o país ter "a maior carga fiscal de sempre", muitas pessoas "não têm acesso aos cuidados de saúde".

O secretário-geral do SIM disse esperar que o ministro da Saúde cumpra o prometido, de enviar uma proposta de nova grelha salarial antes da próxima reunião, que está marcada para sexta-feira e será realizada em conjunto com a Federação Nacional dos Médicos. Esta estrutura também tem dois dias de greve nacional marcados para 1 e 2 de Agosto.

Mas a expectativa é baixa. "Com o historial de um ano e dois meses em que o Governo não fez o devia, fazer temos muitas dúvidas que venha a acontecer", lamentou Roque da Cunha.