Inflação recua para 3,4% em Junho

Queda dos combustíveis contribuiu para a evolução do índice de preços, divulgado nesta quarta-feira pelo INE.

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Nas frutas, "o aumento de preços em Junho de 2023 (5,1%) foi superior ao que se tinha registado no mês homólogo (3,5%)", refere o INE Filipa Fernandez
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A taxa de inflação homóloga recuou em Junho para os 3,4%.

Os dados finais da inflação divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) atestam os dados da primeira estimativa rápida, apresentada há duas semanas, confirmando que a evolução dos preços dos produtos energéticos e dos alimentos contribuiu para uma descida de 0,6 pontos percentuais face aos 4% de Maio.

Quanto ao indicador de inflação subjacente, ou seja, o índice total sem os produtos alimentares não transformados e os produtos energéticos, registou uma variação de 5,3%, que compara com os 5,4% em Maio.

A desaceleração do índice de preço no consumidor (IPC) “é em parte explicada pelo efeito de base resultante do aumento de preços dos combustíveis verificado em Junho de 2022”, salientou o INE. O instituto recorda que o índice registou “aumentos significativos de preços durante 2022” na maioria dos produtos incluídos na amostra, sendo os produtos energéticos dos que mais subiram.

Assim, qualquer análise do comportamento dos preços este ano “deve ter em conta” os impactos quer das acentuadas variações homólogas de produtos que encareceram muito em 2022 quer do efeito da eliminação do IVA em diversos bens alimentares essenciais, medida que entrou em vigor em meados de Abril e que foi responsável por parte da descida dos preços dos alimentos em Maio, frisa a autoridade estatística.

“Apesar do abrandamento da inflação (redução da variação homóloga do IPC), o nível médio dos preços tem-se mantido superior ao do ano passado, registando em Junho de 2023 um valor 12,6% superior ao nível médio de preços de 2021”, refere o INE.

Mesmo que a taxa de inflação continue a abrandar (precisamente pelo efeito da comparação com grandes aumentos de preços em algumas categorias de produtos, em 2022), seria preciso “um período com taxas de variação homóloga negativas” para que os preços voltassem a níveis comparáveis com os de 2021, o que parece improvável.

Produtos energéticos continuam a descer

Em Junho, a variação homóloga do índice relativo aos produtos energéticos diminuiu para -18,8% (-15,5% em Maio) e o índice referente aos produtos alimentares não transformados desacelerou para 8,5% (8,9% no mês anterior).

Mas, como nota o INE, os preços da categoria bens alimentares e bebidas não alcoólicas “situam-se 23,4% acima do nível médio de preços de 2021” e em Junho deste ano subiram 0,3%. O instituto destaca o comportamento do sub-subgrupo das frutas, "em que o aumento de preços em Junho de 2023 (5,1%) foi superior ao que se tinha registado no mês homólogo (3,5%)".

A variação mensal do IPC foi 0,3% (-0,7% em Maio e 0,8% em Junho de 2022) e a variação média dos últimos 12 meses foi 7,8% (8,2% em Maio).

O INE indica que o índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), que permite a comparação a nível europeu, diminuiu para 4,7% em termos homólogos, menos 0,7 pontos percentuais face a Maio e menos 0,8 pontos face ao valor estimado pelo Eurostat para a área do euro.

Excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos, o IHPC em Portugal atingiu uma variação homóloga de 6,9% em Junho (7,3% em Maio), que é “superior à taxa correspondente para a área do euro (estimada em 6,8%)”.

Em Espanha, saíram também os dados finais da inflação de Junho, confirmando que o índice de preços se situou nos 1,9%, abaixo da meta de 2% fixada pelo Banco Central Europeu (BCE) para a garantia de estabilidade de preços na zona euro.

A descida dos preços da energia e dos alimentos levou a taxa de inflação homóloga em Espanha para o nível mais baixo desde Março de 2021.

Na próxima semana, dia 19 de Julho, o Eurostat deverá divulgar os dados do IHPC de Junho para os países da zona euro, mas as contas divulgadas há duas semanas apontavam para uma descida dos 6,1% de Maio para 5,5%, um nível muito distante da meta do BCE e um argumento válido para que a instituição liderada por Christine Lagarde continue a subir as taxas de juro de referência para controlar aquilo a que já chamou “um processo inflacionista mais persistente”.

A próxima reunião do conselho de governadores do BCE, em Frankfurt, está agendada para dia 27 de Julho.

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