Clássicos, novas criações e digressões pelo país na nova temporada “atípica” da CNB

A Companhia Nacional de Bailado irá apresentar coreografias de Vasco Wellenkamp, William Forsythe, Hofesh Shechter ou Ohad Naharin, e estará seis meses fora da sua casa, o Teatro Camões.

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Companhia Nacional de Bailado, em 2021 Nuno Ferreira Santos

Na próxima temporada, a decorrer ente Setembro deste ano e Julho de 2024, a Companhia Nacional de Bailado (CNB) vai revisitar o clássico La Sylphide, andar em digressão com dois espectáculos sobre "a ideia de colectivo" e apresentar novas criações de Andrew McNicol e Vasco Wellenkamp, entre novas entradas no repertório.

"Numa temporada atípica, em que o Teatro Camões, a nossa casa, encerra portas por um período de seis meses para um projecto de reabilitação no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, reforçamos a nossa missão, continuando a marcar presença a nível nacional em várias cidades", destaca a CNB num comunicado sobre a nova temporada, enviado à agência Lusa.

Nesse sentido, "o sentido de colectivo, junto do público", é materializado em dois espectáculos em digressão: Symphony of Sorrows e Cantata. O primeiro desenvolve-se "num ambiente denso, soturno, no qual o colectivo revela ser a força de superação dos caminhos, por vezes tortuosos, da humanidade". Já Cantata reflecte tradições populares italianas, numa "espécie de festa comunitária italiana onde a música é o elemento inspirador, contagiando bailarinos e público".

Estes dois bailados, que abriram na quinta-feira o Festival ao Largo, em Lisboa, partem em digressão no dia 12 de Julho. Até 3 de Novembro, vão chegar às cidades de Évora, Caldas da Rainha, Funchal (Madeira), Madrid (Espanha), Aveiro, Bragança, Vila Real e Figueira da Foz. Regressam depois em Junho de 2024, para apresentações em Lisboa.

A CNB revisitará ainda algumas obras, como La Sylphide –​ uma "jóia do bailado clássico do período romântico", estreado pela primeira vez em 1832, em Paris –; Concerto Barocco, de George Balanchine; e Minus 16, de Ohad Naharin. Estes dois últimos vão marcar o regresso ao Teatro Camões, em 2024. La Sylphide vai passar também pelo Porto, Coimbra, Faro, Lisboa e Almada, entre Outubro e Dezembro.

A reabertura do Teatro Camões contará também com novas criações do jovem coreógrafo britânico Andrew McNicol e do veterano da dança contemporânea portuguesa Vasco Wellenkamp, ex-director artístico da CNB, bem como novas entradas no repertório da companhia: Workwithinwork, do norte-americano William Forsythe, e Uprising, de Hofesh Shechter.

Em Março serão apresentados, num só programa, William Forsythe, George Balanchine e Andrew McNicol, com três obras de épocas e gerações muito distintas, mas conectadas pelos elementos fundadores da dança clássica.

Workwithinwork, de Forsythe, estreado em 1998 pelo Ballet de Frankfurt, parte de uma sucessão de duetos que emergem do fundo da cena, gerando uma atmosfera sóbria e austera, e uma visão detalhada e musical sobre extrapolações da técnica da dança clássica. O Concerto Barocco, de Balanchine, é uma obra abstracta concebida a partir da partitura musical de Bach, cuja coreografia corresponde a uma personificação da música nos corpos dos bailarinos, uma característica muito presente na obra deste coreógrafo seminal.

Já a nova criação de McNicol cruza a dança clássica e a contemporânea, naquela que será a primeira colaboração com a CNB. O coreógrafo britânico tem trabalhado em companhias como o Royal Ballet de Londres, o Joffrey Ballet e o Royal Ballet da Flandres, além da sua própria estrutura, McNicol Ballet Collective.

Em Maio e Junho, a CNB apresenta-se em Lisboa (Teatro Camões) e no Porto (Rivoli) com o último programa da temporada, que reúne Hofesh Shechter, Ohad Naharin e Vasco Wellenkamp, referência da dança portuguesa a quem caberá criar uma nova coreografia para a companhia. Do coreógrafo israelita Ohad Naharin apresenta-se Minus 16, que vai de Dean Martin ao mambo, do tecno à música tradicional israelita; e de Shechter dança-se Uprising, peça calibrada por uma partitura de percussão da autoria do próprio criador, e que entrará para o repertório da companhia.

Todos os espectáculos contemplam uma apresentação de Ensaio Geral Solidário, iniciativa que tem como objectivo, desde 2011, promover a angariação de fundos para apoiar instituições de solidariedade social.