Lavrov garante que grupo Wagner vai continuar em África, apesar da rebelião

Depois de Putin dar a entender o fim do grupo Wagner, aconselhando os mercenários a juntar-se ao Exército ou voltar para casa, Serguei Lavrov esclarece: operações militares em África continuam.

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Apoiante de Ibrahim Traore com uma bandeira russa: o líder interino do Burkina Faso diz que a Rússia é um aliado estratégico na sua luta no Sahel, mas que não há mercenários no país REUTERS/Vincent Bado
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O ministro de Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, apressou-se esta terça-feira a assegurar aos regimes aliados do Kremlin em África que as unidades do grupo Wagner presentes no continente manterão as suas posições.

O esclarecimento chegou depois de o Ministério da Defesa russo ter informado esta terça-feira que será iniciado o processo de transferência "de equipamento militar e unidades activas" dos paramilitares para as Forças Armadas regulares russas.

Na segunda-feira, o Presidente Vladimir Putin descreveu a intenção dos que impulsionaram a revolta como uma "ameaça colossal" ao regime russo, e deixou aos combatentes três opções, dando a entender o fim do grupo Wagner enquanto empresa privada: continuar a servir a Rússia, sob as ordens do Ministério da Defesa, regressar para as suas famílias, ou ir para a Bielorrússia.

Serguei Lavrov garantiu que o grupo paramilitar irá permanecer na República Centro-Africana e no Mali. Há relatos da presença do grupo na Líbia e, possivelmente, no Burkina Faso.

Estes países são de importância estratégica para o Kremlin que vê neles uma forma de ganhar influência no continente africano e de gerar lucro através da exploração de recursos naturais (o que explica que, para Moscovo, ordenar a retirada dos mercenários de África não seja, ainda, uma opção).

"Centenas de militares estão a trabalhar na República Centro-Africana como instrutores — esse trabalho, como é óbvio, vai continuar. Tanto a República Centro-Africana como o Mali recorreram à empresa militar privada para pedir que garantisse a segurança dos seus líderes", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo. "Não notei quaisquer mudanças nas relações entre os países africanos implicados e a Federação Russa."

Lavrov acrescentou também que a recente tentativa de rebelião contra as autoridades militares russas não afectará a relação de Moscovo com os seus "aliados e amigos", incluindo, assim, os regimes em África e no Médio Oriente que nos últimos anos dependeram dos mercenários russos para se manter no poder e combater grupos rebeldes ou de oposição.

Está marcada para daqui a um mês, entre 26 e 29 de Julho, a cimeira Rússia-África, em São Petersburgo, em que os governantes de vários países africanos poderão discutir com Moscovo o futuro das suas relações, da segurança alimentar à cooperação militar.

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