Os parques de lazer são imensamente valorizados, especialmente os parques infantis. No entanto, nem sempre parece haver estratégia na idealização destes equipamentos, nem sequer equidade na localização. Seria de esperar que cada zona urbana, bairro por exemplo, tivesse o seu, pensado para a comunidade.
Seria expectável que os diversos parques fossem desenhados para as crianças e demais sociedade. A tendência continua a ser optar por pequenos parques, isolados da envolvente, com poucas actividades, de plástico, sem contacto com a natureza, com o mínimo de risco e adequados apenas para as crianças mais pequenas. Ou então, uns pequenos canteiros que servem apenas de WC a animais de estimação.
Os espaços de lazer podem ser mais ou menos naturalizados, enquadrados em meios urbanos como praças ou outros espaços públicos. Podem ser jardins e espaços verdes variados. Mas, acima de tudo, devem ser agradáveis, convidativos, confortáveis e passíveis de acomodarem muitas actividades de lazer, descanso, entretenimento, culturais ou de simples interacção social.
Nisto incluem-se as actividades lúdicas, associadas ao bem-estar, quer físico quer psicológico. O lúdico é essencial para todas as faixas etárias, mas são raros os investimentos públicos em espaços lúdicos de excelência, verdadeiramente universais. Parece que só o sector privado percebeu a importância disso, com a indústria do lazer a entretenimento, onde se incluem os jogos, a crescer sem parar.
A maioria dos municípios continua distraída perante esta desigualdade lúdica, faltando oferta suficiente e actualizada de espaços de lazer para todos. Mesmo os espaços para crianças tendem a ser pobres e desinteressantes. Adolescentes têm apenas os campos desportivos, isto quando eles existem. Resta saber o que fazem os outros que não praticam aquelas modalidades.
Fica a ideia de que os adultos apenas se divertem a comer e beber. Também os idosos precisam de novos espaços, que lhes permitam interagir com as outras gerações, observando, estando perto e onde as conversas possam fluir.
Porque não podemos ter escorregas, baloiços e afins para adultos? Múltiplos espaços para diferentes modalidades, actividades de expressão variada e geradoras de alguma adrenalina? Mesas e espaços de jogos. Podemos até incluir tecnologia digital de apoio. Acesso a redes Wi-Fi e de carregamento de energia, com elementos físicos de interacção híbrida. As possibilidades são imensas.
No que toca à dimensão lúdica a oferta pública continua a ser muito escassa. Fazem sentido as parcerias entre a comunidade e as instituições, com as associações que fazem actividades deste tipo. Muitas delas apenas precisam de espaços e algum apoio logístico.
A motivação é intrínseca, pois é isso que faz mover as pessoas. Através destas actividades garantimos bem-estar, mas também resiliência e paz social, pois aproximamo-nos do que é diferente para encontrar pontos de contacto. Em ambientes lúdicos positivos temos ferramentas automáticas de mediação entre diferentes estratos sociais, culturas e idades. Jogar faz parte da nossa vida, mas nem todos perceberam isso. O poder do lúdico continua por explorar.