Proença anuncia medidas após caso de tráfico de seres humanos que abalou a Liga
Presidente da LPFP garante acções judiciais para repor a reputação do organismo.
A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) anunciou, esta segunda-feira, na sequência de Assembleia Geral dedicada à aprovação do Plano de Actividades e Orçamento para a época 2023/24, um pacote de medidas tendentes a reforçar a reputação daquele organismo, abalada pela investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) a Mário Costa (ex-presidente da Assembleia Geral) e à academia de futebol Bsports, em Riba D’Ave, por suspeitas de tráfico de seres humanos.
Depois do novo presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), José Gomes Mendes, ter apresentado o plano da Liga Portugal, coube ao próprio presidente da Direcção, Pedro Proença, avançar com as acções ponderadas pelo executivo de forma a lidar com o que considera ser “um caso de polícia”.
Assim, o líder da MAG revelou que a LPFP pretende “consultar e mandatar juristas e outras entidades tidas como adequadas para interpor, requerer e promover quaisquer acções, actos e diligências ordenadas ao apuramento e eventual responsabilização das pessoas e entidades por condutas lesivas do bom nome, honra e imagem da Liga”.
O pacote de medidas refere acções judiciais a Mário Costa e a todas e quaisquer entidades que venham a ser responsabilizadas por infligir danos reputacionais à LPFP, bem como por omissão de informações relevantes prestadas sob compromisso de honra, no âmbito de situações de incompatibilidade previstas nos estatutos da Liga e do seu código de transparência e anticorrupção.
LPFP que se constituirá assistente em todos os processos relacionados com o processo e que interporá processo contra a Bsports por utilização indevida de uma denominação patenteada pela LPFP. Para evitar futuros dissabores, será pedida uma auditoria forense a uma entidade externa com o objectivo de identificar responsabilidades legais, criminais e patrimoniais que resultem desse relatório.
Pedro Proença declarou, de forma solene, que “um momento como este não se repetirá” enquanto permanecer na liderança da Liga, garantindo que ninguém dentro do organismo - presidente, restantes líderes dos órgãos sociais, direcção, a direcção executiva ou colaboradores da Liga - sabia da existência da academia Bsports e da sua alegada relação com o ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral.
Para Pedro Proença, a actuação célere da Liga Portugal, que levou à renúncia de Mário Costa, foi o primeiro passo do que acredita ser uma nova era.
"Nunca existiram dúvidas na minha mente, desde o primeiro minuto: o doutor Mário Costa teria de renunciar, de imediato, ao cargo de presidente da Mesa da Assembleia Geral. E essa foi a minha única preocupação”, recuperou, recordando os passos dados.
“Ao longo dos dois dias seguintes, tentei por todos os meios sensibilizar o doutor Mário Costa para o facto de a renúncia imediata ser a única forma de defender os interesses, a reputação e a credibilidade da Liga Portugal. E, perante a demora na tomada pública de uma posição, agendei uma reunião de urgência com os presidentes dos três órgãos sociais da Liga. Uma reunião em que estávamos - eu e os presidentes do Conselho Jurisdicional e do Conselho Fiscal - alinhados em renunciarmos aos nossos mandatos caso o doutor Mário Costa não renunciasse de imediato”, explicou Proença, que viu Mário Costa renunciar ao cargo de presidente da Mesa da Assembleia Geral 48 horas depois das primeiras notícias.
“Renascemos mais unidos e mais atentos do que nunca. Mostrámos que o futebol profissional não pactua com quem, em vez de o servir, dele apenas se quer servir para defender os seus interesses pessoais. Mostrámos quem somos e quem queremos ser: uma organização sólida”.
A Procuradoria-Geral Regional do Porto especificou a 17 de Junho que 33 menores foram retirados da academia de futebol Bsports após intervenção articulada das entidades competentes "por se encontrarem em situação de perigo". Fonte do SEF refere que foram identificados 114 futebolistas oriundos de América de Sul, África e Ásia, todos em situação irregular no país.