Nova Democracia confirma maioria absoluta na Grécia

Resultados dão pelo menos 40% aos conservadores gregos actualmente no poder, que assim beneficiam de um bónus de 50 lugares no Parlamento.

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A Nova Democracia vai beneficiar de um bónus de 50 lugares no Parlamento Reuters/LOUIZA VRADI
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O partido grego Nova Democracia (ND), do centro-direita, venceu as eleições legislativas na Grécia com mais de 40% dos votos e viu confirmada uma vitória com maioria absoluta.

Num discurso feito depois do anúncio das primeiras projecções, ao fim da tarde deste domingo, o líder do ND e primeiro-ministro eleito em 2019, Kyriakos Mitsotakis, destacou "a maioria segura" que os eleitores deram ao seu partido.

"Continuarei fiel ao meu dever nacional, sem tolerar a arrogância e a vaidade", disse Mitsotakis, que classificou o resultado das eleições deste domingo como "a rejeição das mentiras e da atmosfera tóxica que dividiram a sociedade".

Com este resultado, Mitsotakis será reconduzido no cargo, novamente com uma maioria absoluta, garantida por um novo sistema de bónus, aprovado em 2020, que atribui entre 20 e 50 lugares a mais no Parlamento ao partido vencedor — 20 numa vitória com 25% dos votos, e 50 quando é atingida a meta dos 40%.

Segundo as projecções do Ministério da Administração Interna da Grécia, o ND terá 158 deputados num Parlamento grego com 300 lugares.

As eleições deste domingo são as segundas na Grécia em pouco mais de um mês, e foram convocadas depois de nenhum partido ter obtido uma maioria absoluta em Maio, apesar de o ND ter sido o partido mais votado com 40,79% dos votos (e 146 deputados).

Na altura, a lei eleitoral grega que estava em vigor, aprovada em 2016, não concedia nenhum bónus ao partido vencedor; confiante nas projecções das sondagens e no regresso do sistema de bónus na eleição seguinte à que se realizou em Maio, Mitsotakis rejeitou qualquer acordo de governação, o que levou à convocação de novas eleições.

Derrota de Tsipras

O grande derrotado é o Syriza, do ex-primeiro-ministro Alexis Tsipras, que deverá ficar abaixo dos 18% nas eleições deste domingo, perdendo mais 24 lugares em relação às eleições de Maio.

Tsipras, que governou o país entre 2015 e 2019, num período marcado por uma profunda crise económica, pode ter o seu futuro político em risco após a derrocada eleitoral dos anos mais recentes.

Depois de uma diferença de oito pontos percentuais para o ND nas eleições de 2019, o Syriza ficou 20 pontos atrás do partido de Mitsotakis em Maio, e agora poderá cair ainda mais como principal partido da oposição.

Os socialistas do Pasok também perdem vários lugares (nove, segundo as projecções iniciais), mas prosseguem o seu caminho de redução das diferenças para o Syriza na luta pelo estatuto de principal partido da oposição.

Ao todo, oito partidos obtiveram pelo menos 3%, o que lhes garante uma entrada no Parlamento.

Como era previsível após os resultados de Maio, o MeRA25, do ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis, não elegeu nenhum deputado; em sentido contrário, uma nova formação da extrema-direita — o Spartans — entrou no Parlamento grego e terá, segundo as projecções, 13 deputados.

Economia no centro

A vantagem do ND em Maio surpreendeu muitos analistas, que esperavam ver reflectida nas urnas uma série de escândalos e de crises que marcaram o primeiro mandato de Mitsotakis — com destaque para o caso das escutas a políticos da oposição, no Verão de 2022, e o acidente ferroviário de Março passado, que fez 57 mortos e pôs a descoberto a fragilidade das infra-estruturas do país.

O trunfo eleitoral do ND foi o facto de uma grande parte da população grega estar concentrada nas questões económicas.

"Os eleitores parecem confiar muito mais no Nova Democracia do que no Syriza no que toca à economia. A economia grega está a crescer desde 2019, e no último ano registou um crescimento superior ao de qualquer outro membro da União Europeia", diz o correspondente da Al Jazeera na Grécia, John Psaropoulos.

"O Nova Democracia convenceu a população de que a Grécia está perto de recuperar a sua credibilidade nos mercados financeiros, o que irá fazer baixar o juro dos empréstimos, que agora se situa nos 5%, um valor elevado para o país."

A eleição deste domingo realizou-se uma semana e meia depois de mais um naufrágio ao largo do Sul da Grécia, no Mar Mediterrâneo, que terá feito mais de 500 mortos.

No sábado, a agência de segurança nas fronteiras da União Europeia (a Frontex) revelou que as autoridades gregas não responderam a uma oferta para que um dos seus aviões continuasse a monitorizar o barco em que seguiam cerca de 750 migrantes e refugiados, depois de uma paragem para reabastecimento — uma notícia que vem reforçar as acusações de inacção por parte da Grécia no salvamento dos migrantes.

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