Os pais deparam-se, regularmente, com diferentes experiências relacionadas com a parentalidade e a educação dos seus filhos. A maior parte dessas situações são próprias do desenvolvimento, contudo, é difícil ensaiar respostas, sendo, por vezes, maiores as dúvidas do que as certezas.
Devo permitir? Devo deixar fazer para experimentar? Não existe uma fórmula, e ainda bem! A relação entre pais e filhos não deve ser reduzida a um conjunto de prescrições que deixam de lado o essencial: o vínculo de amor e segurança que se pode formar e a satisfação de cuidar de alguém.
Pais, crianças e famílias são diferentes uns dos outros e têm necessidades distintas; encontrar um ponto de equilíbrio representa um desafio. Alguns cuidados são necessários para que não se prejudique o crescimento saudável da criança nem a relação entre pais e filhos: consentir sem se demitir, vigiar sem constranger e mostrar à criança que as relações se constroem com base no afecto e no respeito mútuo.
Os pais de hoje são diferentes daquilo que foram os seus pais. O seu percurso de vida e as oportunidades são outras e a sociedade passou por mudanças profundas que transformaram pessoas e famílias. O desenvolvimento tecnológico, as exigências do trabalho e as mudanças dos estilos de vida abriram portas para outro tipo de relações. Conquistou-se o diálogo e a negociação, em contraponto com o que acontecia antigamente. Além disso, pretende-se uma relação de maior proximidade com os filhos.
Mas, ser pai/mãe é também lidar com a sobrecarga física e mental inerente às responsabilidades da parentalidade (cansaço, medo, dúvida), além da culpa por não ter mais tempo para estar presente, da privação do sono que prejudica a saúde mental, do leva e traz da escola, das festas e das actividades extra. Tudo isto, muitas vezes, sem saber ao certo quando vai ser possível encontrar o equilíbrio desejado e necessário entre a vida familiar, pessoal e profissional.
Dado que a parentalidade pode, para algumas pessoas, ser a mais gratificante tarefa da sua vida, esta deve ser vivida da melhor forma possível, de modo a criar a sensação de realização e bem-estar para ambas as partes. Deste modo, vale a pena repensar algumas imposições que pais e mães vivem diariamente, sem muitas vezes perceber que podem e devem fazer diferente.
Não se deixe convencer pela culpa
A culpa é um sentimento poderoso que pode, facilmente, tomar conta dos pais, porque põe em causa a sua capacidade de proteger e de cuidar da criança. Muitas vezes é auto dirigida, contudo, pode conduzi-los à inacção, como se as dificuldades fossem imutáveis, tornando-os menos activos para as tentar ultrapassar. A procura de soluções e a acção são, assim, determinantes do sucesso porque agir, procurando efectivamente fazer de forma diferente, dissolve a culpa e gera segurança e confiança.
Reflicta sobre o seu nível de stress
Com tantas tarefas e responsabilidades a seu cargo, é natural que pais e mães tenham momentos onde se sentem cansados, irritados e sem vontade de fazer nada. No entanto, caso estes sentimentos persistam e se intensifiquem, podem causar burnout parental, uma sensação de exaustão e esgotamento associados ao papel parental. Alguns sintomas são: sentir que cuidar da criança absorve mais energia do que aquela que dispõe, não conseguir tirar prazer dos momentos em que está com os filhos, sentir que não tem tempo para descansar ou fazer coisas de que goste, ter muita dificuldade em lidar com o comportamento das crianças.
Pratique o autocuidado
Recorra a exercícios de mindfulness e escute o seu corpo, percebendo as emoções que este reflecte. O corpo dá-nos informações sobre o nosso estado emocional e isto pode ajudar-nos a encontrar uma solução, mesmo que seja parar um pouco. Pense por um minuto no que lhe traz alegria e bem-estar. Consegue pôr em prática? Dedique um período da semana, uma manhã ou fim de tarde, só para si e vai ver a diferença no seu humor.
Todos os sentimentos são naturais e esperados
Permita-se sentir irritabilidade, receios, ansiedade e raiva. Estes sentimentos são tão normais quanto a alegria e a satisfação; o importante é discernir se a intensidade dos mesmos interfere de forma significativa com a relação com a criança e se põe em causa a sua segurança. Todos nós sentimos por momentos o cansaço de cuidar de crianças pequenas e podemos ter pensamentos que nos fazem sentir culpa e vergonha, como, “Ainda bem que ela passa todo o dia na escola”. Não sendo diário, não afectará a sua relação com ela.
Não tente fingir que uma emoção não existe, porque isso só a torna mais forte e mais frequente. Pense antecipadamente sobre o que pode fazer para lidar com as emoções fortes e crie um plano rápido de acção.
Considere se aquilo que está a sentir resulta da sobrecarga com as crianças e peça ajuda se precisar, acredite que não é sinal de fraqueza.
Ensine a criança a se auto-regular
Ajude os seus filhos a nomearem aquilo que sentem, além de identificar os seus recursos pessoais para resolverem problemas e para aliviarem a ansiedade. Isto pode retirar alguma carga do ombro dos pais ao mesmo tempo que promove as competências da criança.
Flexibilize
Tenha uma atitude positiva e proactiva, ajuste expectativas e não esteja sempre a criticar o comportamento da criança. Respire fundo e saia de perto quando for preciso. Não se esqueça de elogiar o que ela faz de positivo e de ser realista naquilo que pede. Não é desejável nem exequível controlar tudo o que acontece e quanto mais se cobrar mais stress vai gerar, em si e na criança.
Caso sinta exaustão com os desafios da parentalidade, deve procurar ajuda profissional.