Vucic deixa liderança do partido no poder mas mantém-se como Presidente da Sérvia

Demissão surge no meio de protestos contra o Governo e de manifestações pró-Vucic, motivados pela resposta das autoridades a dois tiroteios que mataram 18 pessoas no início do mês.

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Vucic domina a política sérvia desde 2012 EPA/ANDREJ CUKIC

O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, renunciou este sábado ao cargo de líder do Partido Progressista (SNS, na sigla original), explicando aos militantes reunidos numa convenção em Kragujevac que é preciso uma nova estratégia para unir o país. Vucic vai, no entanto, manter-se como chefe de Estado da Sérvia.

O anúncio é relevante, tendo em conta que se trata do político que domina a política do país balcânico desde 2012 – para além de Presidente, foi primeiro-ministro, vice-primeiro-ministro, ministro da Defesa e ministro da Informação. No ano passado, Vucic foi reeleito com quase 60% do total de votos.

Esta decisão surge um dia depois de dezenas de milhares de pessoas, vindas de vários pontos da Sérvia, mas também da Bósnia, do Kosovo e do Montenegro, se terem juntado no centro de Belgrado para declarar apoio ao Presidente, na sequência dos anteriores protestos contra o Governo, por causa de dois tiroteios que mataram 18 pessoas no início do mês.

Para este sábado estão previstas mais manifestações contra o executivo sérvio, liderado pela primeira-ministra, Ana Brnabić, do SNS.

Os dirigentes do SNS aceitaram a demissão de Vucic e, após proposta do próprio Presidente, nomearam Milos Vuceciv, ministro da Defesa, para o seu lugar.

Em Kragujevac, na região Centro da Sérvia, Vucic disse ao congresso do partido populista conservador que acredita que “é necessária uma abordagem ligeiramente diferente para unir o maior número de pessoas que querem lutar pela vitória de Sérvia patriótica”.

O Presidente e o SNS são acusados há muito tempo pelos partidos da oposição e por organizações de direitos humanos na Sérvia de autocracia, de restrições à liberdade de imprensa, de violência contra opositores políticos, de corrupção e de ligações ao crime organizado. Vucic e os seus aliados negam todas estas acusações.

Na sua intervenção, o Presidente sérvio, que em Março anunciou a criação de um novo movimento político, que acolherá o SNS e os seus aliados no Parlamento, assegurou, ainda assim, que não vai abandonar o partido.

“Se Vucic é a locomotiva desse movimento, o SNS será a primeira carruagem”, garantiu o seu sucessor na liderança do maior partido da Sérvia.