Target retira produtos do mês do orgulho LGBT depois de ameaças de clientes

A retalhista norte-americana vai remover alguns artigos LGBTQ+ das lojas e do site, por “comportamentos hostis” e ameaça à segurança dos trabalhadores.

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A retalhista americana vai remover alguns artigos LGBTQ+ das lojas e do site, por “comportamentos hostis” e ameaça à segurança dos trabalhadores Mercedes Mehling/Unsplash
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A Target vai remover alguns artigos LGBTQ+, da colecção do mês do orgulho LGBT, depois de alguns clientes terem, segundo a empresa, ameaçado a segurança dos trabalhadores.

O site da empresa mostra centenas de produtos coloridos, incluindo t-shirts com arco-íris para homens, copos de cerveja com a mensagem “Cheers Queers” e um livro infantil sobre pronomes, entre outros.

A Target, uma das maiores retalhistas americanas com mais de 1900 lojas por todo o país, diz disponibilizar produtos para a celebração do orgulho gay, que normalmente acontece em Junho, há mais de uma década. Mas a colecção deste ano levou a ameaças que comprometiam a segurança dos trabalhadores, referiu, em comunicado, Kayla Castañeda, porta-voz da empresa.

“Dadas estas circunstâncias voláteis, estamos a fazer ajustes nos nossos planos, inclusivamente a remover produtos que têm estado no centro de comportamentos hostis”, referiu.

A empresa não especificou que itens estão a ser removidos. Nos últimos dias, tem surgido informação errada — a circular em grupos de conservadores e meios de comunicação —, em relação a fatos de banho para crianças supostamente “tuck-friendly”. A Associated Press reporta que os fatos de banho tuck-friendly seriam apenas para adultos. Estes fatos de banho têm um reforço extra que permite às mulheres trans esconderem a genitália.

Parceria com marca inglesa em causa

Alguns conservadores estão a tentar organizar um boicote à Target devido à sua parceria com a marca inglesa Abprallen, que, defendem, têm desenhos satânicos. Algumas das peças da Abprallen, que a Target vendia, tinham mensagens como “Curem a transfobia, não as pessoas trans” ou “Pertencemos a todo o lado”.

Uma publicação no Instagram da marca, sinalizada por grupos de comunicação conservadores, lia-se: “Satanás respeita os pronomes.” A legenda explica que os satânicos não acreditam no diabo, mas que invocam Satanás como um símbolo de paixão e orgulho.

Os produtos contestados vão ser removidos de todas as lojas Target dos Estados Unidos, bem como do site, reportou a Reuters. Alguns produtos ainda estão em revisão, e, por enquanto, só os da marca Abprallen foram removidos.

“Ser verdadeiro contigo mesmo e com a tua comunidade é algo que deves celebrar, todo o ano”, lê-se na secção Pride do site da empresa — que convida os clientes a partilharem as suas compras da Target com a hashtag #TakePride.

"Ataque sistemático à comunidade gay"

No Twitter, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, acusou o director da Target, Brian Cornell, de “vender a comunidade LGBTQ+ aos extremistas”. A decisão da Target, acrescentou Newsom, “é um ataque sistemático à comunidade gay, que está a acontecer por todo o país” e que, lembrou, não se esgota na venda de merchandise LGBTQ+.

Em Abril, a marca de cerveja Bud Light enfrentou reacções negativas e uma queda nas vendas depois de os republicanos terem apelado a um boicote por causa da parceria com a actriz e comediante trans Dylan Mulvaney, obrigando o CEO da empresa a emitir um comunicado.

“Nunca quisemos fazer parte de uma discussão que divide as pessoas. Estamos num negócio que quer juntar as pessoas para beber uma cerveja”, escreveu, em carta aberta.

Com as questões das pessoas trans a ocupar um lugar central na política americana, os conservadores também viram contra empresas por outras questões quentes, como o aborto ou o controlo de armas.

Quando a Wallgreens anunciou, este ano, a intenção de vender pílulas abortivas nas suas lojas, os procuradores republicanos uniram-se para fazer ameaças de acções legais, obrigando a empresa a não tomar esta decisão em estados republicanos.

Em Março, a Visa e a Mastercard suspenderam a decisão de classificar as compras em lojas de armas, depois de o mesmo ter acontecido, também em estados republicanos.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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