Como motivar os alunos para a aprendizagem?
A escuta é, sem dúvida, o primeiro patamar para uma comunicação eficaz. Quem não ouve, não quer comunicar com o outro, não quer construir em conjunto, quer falar e ouvir-se falar.
Como se envolve uma sala cheia de crianças, adolescentes e jovens para o conhecimento de vários saberes? Como se torna interessante para os mais novos, assuntos que parecem não ser os mais direccionados para as suas idades?
Esta questão de sermos atores do nosso próprio dia a dia, construtores de conhecimento e de saberes é bonita de se dizer. Importa pois saber como se passa desta intenção louvável à prática. Como tornar os alunos os protagonistas do processo ensino-aprendizagem?
Qualquer pessoa só se sente envolvida se é ouvida. Qualquer pessoa sente que é ouvida se as suas considerações e pensamentos forem tidos em conta, pelo menos alguma parte. Isto acontece em qualquer idade, não precisamos de ser adultos para sermos ouvidos.
A escuta é, sem dúvida, o primeiro patamar para uma comunicação eficaz. Quem não ouve, não quer comunicar com o outro, não quer construir em conjunto, quer falar e ouvir-se falar.
Ouvir os alunos é a base para perceber o que pensam sobre o assunto, seja de tecnologia ou de história. É querer entender o seu ponto de partida, a partir do qual vamos começar a construir conhecimento nesse assunto. É fazer com que os estudantes percebam que o professor está interessado neles e nada mais humano do que imitar o mesmo comportamento que tem, ou seja, ouvir de volta o que o professor tem para propor. Comportamento gera comportamento.
O envolvimento e a curiosidade desenvolvem-se quando sentimos que estamos a fazer parte daquele grupo, da descoberta, da construção. O efeito de grupo responsabiliza e gera autonomia. A autonomia por si só cria reciprocamente mais responsabilidade e faz crescer.
As chamadas metodologias ativas possibilitam aprendizagens significativas. E são significativas porque não só produzem saber, mas acrescentam saber que faz crescer, fazem ver o mundo com outros olhos.
Dinâmicas como a Sala de Aula Invertida, aprendizagem baseada em problemas, em projectos e em equipas, a gamificação ou o design thinking associado à aprendizagem e à descoberta, podem ter efeitos muito positivos na motivação e envolvimento na construção de conhecimentos dos alunos.
A questão que se coloca é qual é o papel do professor neste contexto; onde fica o papel do transmissor do conhecimento, do guia, do que mais sabe, melhor, daquele que tudo sabe?
Na verdade, nesta estratégia de escutar primeiro para envolver depois, com a mesma linguagem que os alunos e com o entusiasmo de quem fala de alguma coisa de que gosta muito que não cabe em si de satisfação, não faz o papel de quem sabe tudo, mas antes de quem acompanha, é parceiro no desenvolvimento do pensamento, questiona para dar mais contexto e ampliar o conhecimento, responsabiliza para fazer crescer em autonomia.
Assim, o professor funciona como coadjuvante no processo e não como o centro de toda a actividade gerada na sala de aula e fora dela. É uma peça importante para fazer evoluir e criar pontes para outros desenvolvimentos futuros ou até próximos. Não funciona como enciclopédia ambulante.
As várias dimensões do saber continuam atuais. O que tem vindo a mudar e já mudou, mesmo para alguns, é o modo como essas dimensões fazem sentido na vida. O saber fazer, saber estar, saber ser, tem, nos dias de hoje, um poderoso papel de significado de transformação que não se aceita por menos que positivo e impactante.
Em 2023, as aprendizagens devem ser envolventes, descobertas e construídas pelos próprios agentes da aprendizagem, os alunos. Aos professores fica a tarefa apaixonante de envolverem os alunos nos saberes, e de os entusiasmarem a ‘brincar’ com esses mesmos saberes na construção de novas soluções e não mais o papel do ‘professor-enciclopédia’.
A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990