Começaram por ser fabricadas em terras portuguesas e só depois, muitos anos mais tarde, o seu calçado passou a ser vendido por cá. Assim fizeram a alemã Ara e a dinamarquesa Ecco. São marcas conhecidas por se preocuparem mais com a tecnologia e o conforto do calçado do que propriamente com o design. Mas há também quem faça o caminho inverso: a um ano de marcar um quarto de milénio, a Birkenstock produz em Portugal desde 2022.
Foi em Dezembro de 1974, pouco meses após a Revolução de Abril, que a Ara investiu numa fábrica em Portugal. “Num período em que a instabilidade económica e social assolava o país”, nota a marca em resposta ao PÚBLICO. “Hoje, 48 anos depois, comprova-se que foi uma aposta ganha. A Ara é actualmente uma das principais empregadoras, produtoras e exportadoras do sector do calçado em Portugal”, continua. Actualmente, a fábrica em Seia emprega cerca de 800 pessoas.
A Ecco, que este ano assinala 60 anos, está em Portugal desde 1984, em Santa Maria da Feira, onde actualmente trabalham cerca de 1200 pessoas, avança Marco Costa, responsável ibérico da marca. “Somos pioneiros em termos tecnológicos, dos tratamentos das peles aos cuidados durante a venda, porque tudo começa no pé e no seu movimento natural, que respeitamos”, explica, acrescentando que são fornecedores de peles para marcas de luxo.
Também a Ara, que celebra no próximo ano o seu 75.º aniversário, está concentrada no conforto do seu calçado, destinado a mulheres com mais de 35 anos, que desejam andar na moda, mas confortáveis, refere a marca. São mulheres com “poder de compra elevado e clientes fiéis”, refere ainda.
Quanto à alemã Birkenstock, cujas raízes da marca remontam a 1774, este ano assinala os aniversários de três dos seus modelos mais icónicos: as Madrid, Arizona e Gizeh fazem 60, 50 e 40 anos, respectivamente. Por essa razão, a marca vai lançar uma colecção-cápsula limitada dos modelos originais. Por cá, a Birkenstock produz modelos de calçado fechado e os produtos da sua submarca Papillio.
A empresa lembra que quer os seus modelos, quer os da sua submarca assentam no conforto e esse é o segredo do seu sucesso. Embora não avance ao PÚBLICO os números no mercado português, onde está à venda apenas desde 2018, revela que estes estão “em sintonia com o desenvolvimento global do negócio da marca”.
A Birkenstock sublinha ainda que o conforto aliado ao design tornaram o seu calçado “mais do que um produto, ultrapassando a barreira do tempo e das tendências”. Aliás, frisa, é uma das marcas germânicas “mais conhecidas em todo o mundo” e um “verdadeiro fenómeno numa indústria caracterizada por tendências de moda de curta duração”.
A Ara está disponível nas sapatarias portuguesas desde 2003 e, actualmente tem três lojas (duas em Lisboa e uma no Porto), um outlet na fábrica em Seia e é vendida em meia centena de lojas multimarca, espalhadas pelo país.
Quanto à Ecco, que está em 100 países e em dez mil pontos de venda, chegou aos consumidores portugueses em 2019 — antes disso, na década de 1990 teve um outlet —, e está focada em reforçar a sua aposta no mercado nacional, onde já tem 15 lojas. Recentemente, abriu um espaço com 226 metros quadrados no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, um local em que há muito queriam estar, reconhece Marco Costa.
E vão continuar a abrir mais lojas, promete, sem revelar outros pormenores. A novidade é que, além do calçado para homem e mulher, junta-se agora o de criança. Curiosidade: pais e filhos ou avós e netos podem usar os mesmos modelos.
Notícia actualizada dia 11/05/2023, às 15h13: onde se lia "Marco Pereira", lê-se agora "Marco Costa", responsável ibérico da marca dinamarquesa Ecco. A comunicação da empresa informou ainda que na década de 1990 teve um outlet.