“Quer saber como viver? Escreva seu obituário”, diz Warren Buffett

O bilionário Warren Buffett falou a investidores este sábado. Actualmente, a sua fortuna está avaliada em cerca de 100 mil milhões de dólares (aproximadamente 89 mil milhões de euros).

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A sua corretora vendeu milhares de milhões de dólares em acções Reuters/SCOTT MORGAN
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O investidor bilionário Warren Buffett disse este sábado num evento com investidores da sua corretora, a Berkshire Hathaway Inc., ainda ter desafios a viver. "Se quiser saber como viver a sua vida, escreva o próprio obituário e faça uma engenharia reversa do texto".

Assim, afirmou o empresário de 92 anos, seria possível saber o que falta alcançar.

Conhecido como "o mago de Omaha" (em referência à cidade do Nebraska em que nasceu e onde costuma fazer reuniões com investidores), Buffett é reputado como um dos investidores mais bem-sucedidos do mundo e as suas frases e previsões são acompanhadas com atenção.

Num documentário produzido pela HBO, ele atribuiu o seu sucesso ao amor pelos números. "Eu gosto de números. Isso começou há mais tempo do que me recordo. Sentia-me bem a trabalhar com números", disse o então segundo homem mais rico do mundo — a sua fortuna é hoje estimada em cerca de 100 mil milhões de dólares (aproximadamente 89 mil milhões de euros).

Na sua carta anual aos accionistas da Berkshire, em Fevereiro, pediu aos investidores que se concentrassem no cenário geral a longo prazo, em vez de uma inflação mais alta e outros factores que em 2022 amorteceram os preços das acções, embora não os da Berkshire.

Num balanço revelado este sábado, a Berkshire Hathaway informou que vendeu milhares de milhões de dólares em acções e colocou pouco dinheiro na Bolsa dos Estados Unidos nos três primeiros meses deste ano. Ao que tudo indica, o famoso investidor vê pouco apelo num mercado volátil.

Berkshire divulgou este sábado que vendeu acções avaliadas em 13,3 mil milhões de dólares (cerca de 11,8 mil milhões de euros) e comprou papéis por valores abaixo da metade disso. Escolheu direccionar 4,4 mil milhões de dólares (aproximadamente 3,9 mil milhões de euros) às próprias acções e outros 2,9 mil milhões de dólares (cerca de 2,5 mil milhões de euros) para acções de outras empresas negociadas publicamente.

Os números destacam a dificuldade que a Berkshire enfrenta para aplicar a sua fortuna nos momentos em que Buffett e o seu braço direito de longa data, Charlie Munger, consideram as avaliações de mercado pouco atractivas. A reserva em moeda da empresa aumentou em 2 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) desde o início deste ano, para 130,6 mil milhões de dólares (aproximadamente 116,5 mil milhões de euros) o seu maior nível desde o final de 2021.

Munger afirmou ao Financial Times, no último mês, que investidores deveriam reduzir as suas expectativas de lucros com o mercado financeiro, enquanto o Fed (banco central dos EUA) continuar a aumentar os juros, e a economia se mantiver em desaceleração.

Berkshire divulgou um lucro de 35,5 mil milhões de dólares (31,6 mil milhões de euros) no primeiro trimestre ou 24.377 dólares (21.744 euros) para cada acção classe A — um aumento em relação aos 5,6 mil milhões de dólares (aproximadamente 5 mil milhões de euros) do ano anterior. Esse número teve tracção em grande parte de um aumento nas acções que elevou o valor do portfólio da corretora a 328 mil milhões de dólares (292 mil milhões de euros) em acções.

Os lucros operacionais — medida que Buffett prefere para avaliar os diversos sectores inclusos nos negócios da Berkshire — aumentaram 12,6% em relação ao ano anterior e alcançaram 8,1 mil milhões de dólares (7,2 mil milhões de euros). Pela primeira vez, esse valor inclui os resultados da empresa de postos de camiões Pilot Flying J, da qual a Berkshire assumiu o controlo maioritário em Janeiro.

Esses dados foram divulgados horas antes de Buffett e outros três executivos da Berkshire se terem apresentado no centro de Omaha, no estado norte-americano do Nebraska, onde milhares de accionistas se reuniram para o encontro anual da empresa.

Os accionistas ouviram o bilionário de 92 anos e os seus vice-presidentes Munger, Gregory Abel e Ajit Jain discutirem sobre a economia, esforços do Fed para conter a inflação e perspectivas para a corretora.

Os quadros devem sofrer pressão para dizer o porquê da falta de investimentos no sistema bancário norte-americano, como tinha sido feito na crise financeira de 2008.

Naquela época, a Berkshire participou no resgate do Goldman Sachs e do Bank of America. Este último é agora uma peça central no portfólio da corretora.

As acções da Berkshire valorizaram-se em 4,9% desde o início deste ano.

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