Perante uma possível nova vaga migratória, Biden mobiliza 1500 soldados para a fronteira com o México

Restrições pandémicas na fronteira expiram na próxima semana. Casa Branca diz que as tropas vão fazer trabalho administrativo. Senador democrata: “Militarização da fronteira é inaceitável”.

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Fronteira entre EUA e México na região de Tijuana Reuters/JORGE DUENES

A Casa Branca anunciou na terça-feira a mobilização de 1500 soldados para a fronteira entre os Estados Unidos e o México.

O contingente militar irá auxiliar os guardas fronteiriços a lidar com o previsível aumento do fluxo migratório a partir da próxima semana, quando expirar uma lei do tempo da pandemia que permite às autoridades norte-americanas devolverem ao país vizinho a grande maioria dos migrantes e requerentes de asilo que cruzem a fronteira rumo aos EUA.

Segundo o Pentágono, os soldados em causa são efectivos do Exército e dos Marines e vão estar 90 dias no terreno. Juntar-se-ão aos cerca de 2500 membros da Guarda Nacional que já se encontram na fronteira Sul dos EUA.

Apesar de a participação de militares nas operações fronteiriças do Departamento de Segurança Nacional não ser uma novidade, a Administração Biden tem sido acusada por organizações de direitos humanos e dentro do próprio Partido Democrata por não se afastar das políticas e das práticas migratórias restritivas da presidência anterior, de Donald Trump.

“A militarização da fronteira por parte da Administração Biden é inaceitável”, criticou o senador democrata e presidente da Comissão de Assuntos Externos no Senado, Bob Menendez.

“Já há uma crise humanitária no Hemisfério Ocidental e a mobilização de pessoal militar apenas sinaliza que os migrantes são uma ameaça que as nossas tropas têm de conter. Isto não podia estar mais longe da verdade”, atirou, num comunicado.

Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca, recusou, no entanto, as comparações entre as abordagens de Biden e de Trump e insistiu que “há quase duas décadas” que o pessoal do Departamento de Defesa apoia a agência de protecção de fronteiras dos EUA.

Para além disso, explicou que o contingente militar mobilizado não irá “interagir com imigrantes ou migrantes”, uma vez que as suas funções serão essencialmente logísticas e administrativas: “Estes 1500 funcionários militares irão preencher lacunas importantes de capacidade como a detecção e monitorização no terreno, a introdução de dados e o apoio de armazém.”

O chamado Título 42 da legislação de emergência sanitária – que usava argumentos de saúde pública para permitir a proibição de entrada e a expulsão de migrantes – deixa de ser aplicado a partir do próximo dia 11 de Maio.

De acordo com a CNN, é expectável que o número de migrantes a tentar cruzar a fronteira entre o México e os EUA aumento dos actuais sete mil para dezenas de milhares nos próximos dias.

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