O suposto novo tema de Drake e The Weeknd afinal foi feito por Inteligência Artificial
Publicação original da alegada colaboração entre Drake e The Weeknd foi eliminada esta segunda-feira. A Universal lembra a obrigação de redes sociais defenderem os direitos dos artistas.
Durante o fim-de-semana circulou nas redes sociais uma alegada nova colaboração entre os artistas Drake e The Weeknd, intitulada Heart on My Sleeve e na qual era referido o antigo relacionamento entre The Weeknd e a actriz Selena Gomez.
Contudo, a canção foi gerada através de Inteligência Artificial e publicada na rede social TikTok pelo utilizador Ghostwriter977, que mais tarde surgiu no Spotify e no YouTube com o nome artístico GhostWriter.
Esta segunda-feira, 17 de Abril, a canção foi eliminada dos serviços de streaming pela Universal Music Group (UMG), quando já registava mais de 600 mil reproduções no Spotify, 15 mil visualizações no TikTok e outras 275 mil no YouTube. Ainda assim, gravações do tema falso continuam a ser difundidas nas várias plataformas.
No YouTube, o utilizador GhostWriter garantiu que este trabalho "é apenas o começo” de uma nova fase no mundo da música.
Via Twitter, Mckay Wrigley, perito no desenvolvimento de sistemas de Inteligência Artificial como o ChatGPT, admitiu estar, pela primeira vez, surpreendido com um exemplo de música gerada por estes sistemas.
“Boa sorte para as produtoras que tentam ter controlo nisto. Todas as crianças vão competir no TikTok para ver quem consegue a melhor música a partir de Inteligência Artificial. Vai ser um circo absoluto”, escreveu Mckay Wrigley.
Em esclarecimentos enviados à revista Billboard, e citados pelo The Guardian, a UMG aproveitou o caso para lembrar “a responsabilidade ética e legal” das redes sociais em “prevenir o uso dos serviços de forma prejudicial para os artistas”.
Além disso, a Universal Music Group reitera a importância de reflectir sobre as intenções das várias entidades envolvidas na indústria musical: se estão ao lado “dos artistas, dos fãs e da expressão humana criativa”, ou, por oposição, alinhados com “fraudes, negando a devida compensação aos artistas” pelo trabalho que produzem.
Segundo a BBC, uma vez que Heart on My Sleeve foi produzido por sistemas de Inteligência Artificial e com base numa composição exclusiva, sem o envolvimento de Drake ou The Weeknd, o tema não incorre em violação da lei dos direitos de autor.
Contudo, na última semana, a Universal Music Group já havia apelado às plataformas de streaming para que bloqueassem o acesso de empresas de Inteligência Artificial às músicas da editora, argumentando que conhecem serviços treinados para copiar temas “sem obter os devidos consentimentos”. Citada pelo Financial Times, a UMG avisou que não vai hesitar em tomar medidas para reforçar a protecção dos direitos de autor.
Desde o final de 2022, a indústria da música internacional começou a reagir a plágios e temas falsificados. Como recorda o The Guardian, em Outubro a Recording Industry Association of America alertou para a violação dos direitos de autor por máquinas treinadas para o som dos artistas, a fim de rapidamente produzir cópias e novas versões. O CEO da entidade, Haver Mason Jr., admite o potencial da tecnologia, mas sublinha a necessidade de prevenir os “riscos" que os sistemas representam "para a comunidade criativa”.
Drake tem sido visado por várias versões geradas a partir de sistemas de Inteligência Artificial. Na última sexta-feira, o canadiano denunciou, via Instagram, uma versão do tema Munch, de Ice Spice, na qual figura um verso falso de Drake. Antes, a voz do rapper já havia sido utilizada para versões dos temas WAP, de Cardi B e Megan Thee Stallion, Don’t, de Bryson Tiller, e OMG, de NewJeans.
Apesar das críticas à Inteligência Artificial, há vozes dissonantes, como a do DJ francês David Guetta, que recentemente recorreu ao site uberduck.ai, para replicar a voz do rapper Eminem, como lembra a BBC.
“Tenho a certeza de que o futuro da música está na Inteligência Artificial”, garantiu David Guetta. Ainda assim, ressalvou, nenhuma tecnologia será capaz de igualar “o tipo de emoção que [o artista] pretende expressar”, pelo que a tecnologia deve servir como “uma ferramenta”.