A arte que brota do vale do Côa é efémera e eterna
Nascem e desfazem-se na terra. Agarram-se como raízes. Crescem como esculturas primitivas. Eis as peças mais ou menos efémeras do Festival Côa - Corredor das Artes.
Michèle Trotta aguarda ansiosa pela carrinha de caixa aberta, carregada de varas de vinha, a principal matéria-prima da peça que irá moldar e que fará uma ligação umbilical entre o Museu do Côa e a paisagem, feita de vales e de rios, de gravuras, de poesia e de arte rupestre que um dia a UNESCO classificou como Património Mundial, "ilustração excepcional do desenvolvimento repentino do nosso génio criador durante a alvorada do desenvolvimento cultural humano". A vinha, ou melhor, os restos que sobram da sua poda, "tem a rigidez perfeita", diz a artista francesa. Da pilha de varas resultará um tubo entrelaçado de 30 centímetros de diâmetro e uns 20 metros de comprimento com três nós que sairá da terra junto ao betão do museu imenso e descerá rente ao declive até voltar a desaparecer no solo. "Um nó tem muitas interpretações. Pode ser positivo ou negativo. É algo que nos aperta e restringe a liberdade, mas é algo que nos permite relacionar com alguém ou com o meio ambiente. Aqui, viverá da relação com a terra e com a paisagem".
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