Cânhamor quer produzir tijolos de cânhamo em Ourique com agricultores locais

Empresa já tem outra unidade de produção em Colos, Odemira. Blocos são alternativa mais ecológica para o sector da construção — e os planos passam por envolver mais agricultores locais na produção.

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Empresa produz blocos (ou tijolos) de cânhamo usados na construção Facebook/ DR

Uma unidade fabril de produção de tijolos de cânhamo para construção civil, da empresa portuguesa Cânhamor, vai entrar em funcionamento "até final do ano" em Garvão, no concelho de Ourique.

O director comercial da empresa, Frederico Barreiro, revelou à agência Lusa que, "se tudo correr bem", a fábrica vai começar a produzir "no final deste ano", permitindo a criação de "30 postos de trabalho directos".

"E, indirectamente, há toda uma economia que se vai desenvolver em torno da fábrica", acrescentou o responsável pela Cânhamor, que já tem uma outra unidade em produção na freguesia de Colos, no vizinho concelho de Odemira (Beja).

A nova unidade vai ser instalada num terreno com quase 36.500 metros quadrados na freguesia de Garvão, cedido pela Câmara de Ourique, onde a empresa vai produzir blocos (ou tijolos) de cânhamo, considerados "uma alternativa ecológica" para a construção civil.

"Vamos aumentar a nossa produção em 30 vezes, ou seja, se neste momento somos capazes de responder a duas casas por mês, vamos passar a poder responder a 60 ou 70" casas por mês, afiançou Frederico Barreiro.

Sem revelar o investimento previsto, o director comercial da Cânhamor disse que o projecto da empresa em Garvão é uma continuidade da actividade que esta já faz em Colos, com o objectivo de dar resposta a um mercado que está "a crescer".

"O sector da construção civil tem os problemas que tem relacionados com a pegada ecológica e com as questões carbónicas e é nesse sentido que demos este passo", justificou.

Frederico Barreiro acrescentou que o objectivo da empresa passa, sobretudo, pelo mercado nacional, embora no horizonte esteja igualmente comercializar os blocos de cânhamo para Espanha.

É nesse âmbito que a empresa conta avançar, "a curto prazo", com a construção de uma segunda unidade em Garvão, onde pretende instalar a "única decorticadora ibérica". "Isso vai-nos permitir separar o cânhamo e extrair a parte da fibra, que será utilizada no sector têxtil e vai trazer uma mais-valia", explicou.

Nos planos da empresa está igualmente incentivar mais agricultores locais a produzirem cânhamo, para depois ser utilizado nas unidades produtivas da Cânhamor. O objectivo é ter um processo produtivo "o mais ecológico e local possível", frisou o responsável.

O director comercial da Cânhamor destacou ainda o facto de o projecto da empresa ser "único" no país e estar sediado numa região como o Alentejo. "Deixa-nos extremamente orgulhosos sermos os únicos a apostar em Portugal neste mercado, especificamente no Alentejo, que genericamente é uma zona mais esquecida em termos de investimento", realçou.