Adidas desiste de exigir que o Black Lives Matter não use três riscas como símbolo

A empresa pediu ao organismo norte-americano que trata das marcas registadas para rejeitar um pedido do movimento Black Lives Matter para usar o símbolo de três riscas paralelas. Agora voltou atrás.

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O símbolo da Adidas começou a ser usado em 1952 Reuters/Michaela Rehle

O fabricante de roupa e calçado de desporto Adidas AG arrepiou caminho, nesta quarta-feira, retirando o pedido para que o Instituto de Marcas Comerciais dos EUA rejeitasse a marca comercial Black Lives Matter com três tiras paralelas.

"A Adidas retirará a sua oposição ao pedido de marca registada da Black Lives Matter Global Network Foundation logo que possível", disse um porta-voz da empresa alemã, sem justificar a mudança de posição da marca. No entanto, fonte próxima da empresa disse que a rápida reviravolta foi desencadeada pela preocupação de que as pessoas pudessem interpretar mal a objecção da marca, lendo-a como uma crítica à missão da Black Lives Matter.

A Adidas tinha dito ao gabinete de marcas registadas, num processo de segunda-feira, que o desenho da Black Lives Matter Global Network Foundation criaria confusão com a sua marca de três riscas, numa tentativa de bloquear a solicitação do grupo para utilizar o desenho em mercadorias que o fabricante alemão de roupa desportiva também vende, tais como camisas, chapéus e sacos.

Os representantes do grupo Black Lives Matter não responderam imediatamente a um pedido de comentários na terça-feira.

A Adidas disse no processo que tem utilizado o seu logótipo desde 1952, e que adquiriu "fama internacional e tremendo reconhecimento público".

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Os símbolos comerciais da Adidas e da Black Lives Matter Global Network Foundation DR

Desde 2008, a marca apresentou mais de 90 processos e assinou mais de 200 acordos de resolução de litígios relacionados com o uso das três riscas, de acordo com documentos de uma acção judicial intentada pela empresa contra a casa de moda do estilista Thom Browne. Nesse caso, um júri deliberou, em Janeiro, que o padrão usado pela Thom Browne não violavam os direitos de marca registada da Adidas.

A Black Lives Lives Matter Global Network Foundation é a entidade mais proeminente do movimento descentralizado Black Lives Matter, que surgiu há quase uma década para protestar contra a violência policial contra pessoas negras.

O grupo solicitou uma marca comercial federal, em Novembro de 2020, cobrindo um desenho amarelo com três riscas para utilizar numa variedade de produtos, incluindo vestuário, publicações, sacos, pulseiras e canecas.

Na segunda-feira, a Adidas manifestou-se contra o desenho do grupo, observando que era semelhante ao seu logótipo, e que os consumidores provavelmente pensariam que os seus bens estavam ligados ou vinham da mesma fonte.