Murphy devia ter dedicado um capítulo só aos pais
Acho que o universo se torna mais complacente à medida que envelhecemos!
Querida Mãe,
Lembra-se da Lei de Murphy, que dita que se alguma coisa tem a menor possibilidade de correr mal, vai correr mesmo mal? Bem, parece-me claro que deve ter um capítulo só para a maternidade porque, como qualquer mãe sabe, é universal, e mais, vai correr mal no pior momento possível!
Veja só se não se reconhece nestes momentos:
- O bebé vai fazer um “cocó até ao pescoço” fora de casa, sempre que nos esquecemos de levar uma muda de roupa.
- Se estivermos num telefonema importantíssimo, os miúdos vão começar a discutir ruidosamente.
- Se não pudermos mesmo faltar ao trabalho, um dos miúdos vai ficar doente.
- Se decidirmos tomar banho quando o bebé finalmente adormeceu, ele vai acordar no segundo em que acabámos de por o champô na cabeça.
- No dia a seguir a termos deitado fora um brinquedo que o nosso filho nunca mais usou, ele vai pedi-lo.
- Quando oferecermos todas as nossas coisas de bebé e de grávida, voltamos a engravidar.
- A paixão dos nossos filhos por ballet vai mudar para piano imediatamente depois de termos pago a inscrição, a anuidade, o maillot e as sapatilhas.
- Se nos gabarmos que o nosso filho já dorme a noite toda, nunca mais voltamos a dormir.
- Os nossos filhos vão a gritar e a discutir na viagem de casa para casa da avó, mas adormecem cinco minutos antes de chegarmos.
- Independentemente da hora a que decidirmos ir para a cama, mal estivermos quase, quase a chegar ao sono profundo alguém vai acordar!
Verdade?
Querida Ana,
Tão verdade que dou graças por já ter passado ao estatuto de avó. Acho que o universo se torna mais complacente à medida que envelhecemos!
Deixa lá, só te faltam 30 anos — se adormeceres agora tal como a Bela Adormecida, quando acordares daqui a cem anos vais ver que não há Murphy que te consiga estragar o dia.
O Birras de Mãe, uma avó/mãe (e também sogra) e uma mãe/filha, logo de quatro filhos, separadas pela quarentena, começaram a escrever-se diariamente, para falar dos medos, irritações, perplexidade, raivas, mal-entendidos, mas também da sensação de perfeita comunhão que — ocasionalmente! — as invade. E, passado o confinamento, perceberam que não queriam perder este canal de comunicação, na esperança de que quem as leia, mãe ou avó, sinta que é de si que falam.