Murphy devia ter dedicado um capítulo só aos pais

Acho que o universo se torna mais complacente à medida que envelhecemos!

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@designer.sandraf

Querida Mãe,

Lembra-se da Lei de Murphy, que dita que se alguma coisa tem a menor possibilidade de correr mal, vai correr mesmo mal? Bem, parece-me claro que deve ter um capítulo só para a maternidade porque, como qualquer mãe sabe, é universal, e mais, vai correr mal no pior momento possível!

Veja só se não se reconhece nestes momentos:

  1. O bebé vai fazer um “cocó até ao pescoço” fora de casa, sempre que nos esquecemos de levar uma muda de roupa.
  2. Se estivermos num telefonema importantíssimo, os miúdos vão começar a discutir ruidosamente.
  3. Se não pudermos mesmo faltar ao trabalho, um dos miúdos vai ficar doente.
  4. Se decidirmos tomar banho quando o bebé finalmente adormeceu, ele vai acordar no segundo em que acabámos de por o champô na cabeça.
  5. No dia a seguir a termos deitado fora um brinquedo que o nosso filho nunca mais usou, ele vai pedi-lo.
  6. Quando oferecermos todas as nossas coisas de bebé e de grávida, voltamos a engravidar.
  7. A paixão dos nossos filhos por ballet vai mudar para piano imediatamente depois de termos pago a inscrição, a anuidade, o maillot e as sapatilhas.
  8. Se nos gabarmos que o nosso filho já dorme a noite toda, nunca mais voltamos a dormir.
  9. Os nossos filhos vão a gritar e a discutir na viagem de casa para casa da avó, mas adormecem cinco minutos antes de chegarmos.
  10. Independentemente da hora a que decidirmos ir para a cama, mal estivermos quase, quase a chegar ao sono profundo alguém vai acordar!

Verdade?


Querida Ana,

Tão verdade que dou graças por já ter passado ao estatuto de avó. Acho que o universo se torna mais complacente à medida que envelhecemos!

Deixa lá, só te faltam 30 anos — se adormeceres agora tal como a Bela Adormecida, quando acordares daqui a cem anos vais ver que não há Murphy que te consiga estragar o dia.


O Birras de Mãe, uma avó/mãe (e também sogra) e uma mãe/filha, logo de quatro filhos, separadas pela quarentena, começaram a escrever-se diariamente, para falar dos medos, irritações, perplexidade, raivas, mal-entendidos, mas também da sensação de perfeita comunhão que — ocasionalmente! — as invade. E, passado o confinamento, perceberam que não queriam perder este canal de comunicação, na esperança de que quem as leia, mãe ou avó, sinta que é de si que falam.

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