“O meu marido está na prisão apenas por dizer a verdade. O meu marido está na prisão apenas por defender a democracia.” As palavras de Yulia Navalnaya levaram um dos lados da guerra vivida deste lado do Atlântico para o centro da gala de entrega dos prémios da Academia de Hollywood.

Yulia subiu ao palco quando Navalny, de ​Daniel Roher, venceu o Óscar de melhor documentário. O filme conta a história do líder da oposição russa Alexei Navalny, recordando acontecimentos relacionados com o seu envenenamento, a 20 de Agosto de 2020,​ durante um voo de Tomsk para Moscovo.

As análises confirmaram a presença de um agente nervoso da família novichok, armas químicas de quarta geração, desenvolvidas entre 1970 e a queda da URSS, ao abrigo do programa soviético Foliant.

Navalny acusou directamente o Presidente Vladimir Putin pelo seu envenenamento, mas o Kremlin negou repetidamente o seu envolvimento. Alexei Navalny sobreviveu depois de ter sido transportado de emergência para Berlim. Mas, quando regressou a Moscovo, recuperado, foi imediatamente preso por supostamente ter violado as condições da sua liberdade condicional.

“Sonho com o dia em que serás livre e o nosso país será livre”, declarou Yulia Navalnaya, deixando uma mensagem ao marido: “Mantém-te forte.”

Também o realizador Daniel Roher não deixou passar a oportunidade para “dedicar o prémio a Navalny e a todos os presos políticos de todo o mundo”. Ao político que foi foco do seu trabalho, Roher disse: “Alexei, o mundo não se esqueceu da sua mensagem vital para todos nós. Não podemos, não devemos ter medo de nos opor aos ditadores e ao autoritarismo, onde quer que ele se erga.”

O Kremlin, entretanto, reagiu, nesta segunda-feira, considerando que o Óscar de melhor documentário mostrou “um certo elemento de politização” de Hollywood, cita a Reuters.