Anna Machin: “Enquanto espécie, não somos 100% monógamos”

A antropóloga Anna Machin escreveu o livro Amamos, Porquê? para explicar o que é isso de amar. E quebrar alguns mitos.

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Anna Machin acredita que "se pode amar mais do que uma pessoa ao mesmo tempo" Bohdan Skrypnyk

A história que termina com “E viveram felizes para sempre…” é conhecida de todos e envolve, na maior parte das vezes, um casal que se conhece, casa e fica junto para a posteridade. Todos os dias, somos inundados com mil e uma referências ao amor que quase sugerem que se não o encontrarmos é porque algo de muito errado se passa connosco. Mas porquê esta obsessão com o amor romântico? Foi esta uma das questões que levou Anna Machin, antropóloga evolutiva inglesa, a investigar o amor e a escrever o livro Amamos, Porquê? – A ciência por trás dos nossos afectos (ed. Bertrand), que aborda a complexidade do amor com base em vários estudos e dados científicos.

Anna Machin estuda a ciência do amor há quase 20 anos. Começou a investigar as conexões sociais entre os humanos e a sua evolução durante o doutoramento, que terminou em 2006, centrando-se essencialmente nos nossos antepassados. Foi quando se juntou à Universidade de Oxford, em 2008, que começou a olhar para o amor moderno e a investigar as relações humanas mais íntimas, tendo feito parte de um grupo de investigação liderado pelo importante antropólogo e psicólogo evolucionista Robin Dunbar.

A sua própria vida entrou em jogo quando Anna Machin teve o seu primeiro filho e começou a investigar a criação de laços paternais. Desde então, a sua “paixão” por este tema foi crescendo, principalmente porque acredita que muito do trabalho de que se ouve falar nos meios de comunicação social incide sobre o amor romântico. O seu objectivo passa por “estudar todo o espectro do amor humano”. Até porque, como nos revela por videochamada, acredita que “o amor e a nossa necessidade um pelo outro definem realmente quem somos enquanto espécie”.

Neste livro menciona diferentes tipos de amor. Como os distinguimos e porque é que a evolução criou o amor?
O amor evoluiu, em primeiro lugar, simplesmente como uma forma de garantir que nos mantemos com as pessoas que vão assegurar a nossa sobrevivência e a dos nossos filhos. Obviamente, tudo o que a evolução quer que façamos é passar os nossos genes [para as próximas gerações]. Portanto, o amor surgiu primeiramente entre pais e filhos há cerca de meio milhão de anos.

Depois, tornou-se muito difícil cuidar dos nossos filhos e o pai teve de intervir, pelo que houve necessidade de ter o amor entre casais para que ficassem juntos tempo suficiente para criar a criança.

As nossas vidas tornaram-se cada vez mais complicadas e começamos a ter de criar laços com pessoas que não são nossos familiares, tais como amigos, conhecidos e pessoas que nos vão ajudar no quotidiano. Assim, o grupo de pessoas com quem cooperamos tornou-se cada vez maior e agora é de cerca de 150 pessoas, em média, para a maioria dos indivíduos [o chamado “número de Dunbar”].

Precisamos de toda essa cooperação para sobreviver, mas a cooperação é realmente difícil. Por isso, a evolução teve de inventar algo para nos subornar e isso foi o amor.

Serão os seres humanos a única espécie que pode amar da forma que nós amamos?
O amor começou como um conjunto de neuroquímicos que nos motivam e depois nos recompensam por investirmos nestas relações que são importantes para a nossa sobrevivência. Obviamente, desde essa altura, o amor tornou-se muito mais complexo no sentido humano porque colocámos muitas camadas de significação e a cultura entrou no jogo.

Enquanto espécie, temos provavelmente o mais complexo conjunto de relações que existe porque não temos apenas relações dentro da nossa espécie, mas temos também relações entre espécies — por exemplo, a conexão humana com um cão ou com um Deus.

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A inglesa Anna Machin estuda a ciência do amor há quase 20 anos. Diz que o amor é “absolutamente importante” para a sobrevivência da espécie humana Colin Kitchen

E será que os animais sentem amor? Depende de como se define o amor. Alguns animais têm a base biológica do amor que nós temos, mas nós meio que o embelezamos com muito significado cultural, social, religioso e político. Mas eu diria que há animais como os cães, alguns dos grandes símios, elefantes e golfinhos que experienciam o amor praticamente da mesma forma que nós, com a excepção dessa parte cultural.

É redutor dizer que o amor é um processo biológico ou neuroquímico?
Algumas pessoas defini-lo-iam a esse nível. Penso que isso não é necessariamente redutor se se estiver a falar de um dos mamíferos inferiores. Mas se se está a tentar descrever o amor humano então, sim, é altamente redutor. Essa é uma das razões pelas quais escrevi o meu livro.

Penso que os livros que surgiram antes para tentar explicar o amor humano tentaram reduzi-lo e fazê-lo com uma única resposta. Mas isso não é possível porque o amor existe a muitos níveis nos seres humanos e não é apenas um conjunto de hormonas neurobiológicas que nos levam a fazer certas coisas.

Penso que o amor humano é complexo porque não é apenas um impulso instintivo. Tem também um elemento altamente consciente, através do qual pensamos, reflectimos e sonhamos acordados com o nosso amor. Não se pode compreender a nossa espécie se se reduzir algo como o amor a uma única resposta.

Algumas pessoas são mais propensas a amar?
Uma coisa que realmente me interessa são as nossas diferenças individuais no amor – como experienciamos o amor e como nos comportamos à sua volta.

Certamente que algumas pessoas estão mais motivadas para encontrar o amor e, em parte, isso pode ser genético visto que há certos genes que aumentam a probabilidade de ser o tipo de pessoa que vai querer formar ligações e que vai ser mais feliz quando estiver em relações próximas.

Outra parte é ambiental e está relacionada com a educação. Algumas pessoas crescem num ambiente muito acolhedor, e o amor é uma coisa realmente positiva, feliz e as relações não são prejudiciais e, por isso, à medida que vão chegando à vida adulta, é muito mais provável que encontrem prazer no amor e que queiram encontrá-lo.

Algumas pessoas têm dificuldades e, mais uma vez, isso pode ter uma razão genética... Talvez tenham genes que as motivem menos. Além disso, muitas das atitudes e comportamentos em relação ao amor são formados quando se é uma criança pequena. Por isso, algumas pessoas que tiveram uma infância difícil podem ter mais dificuldade em fazê-lo. Mas o que costumo dizer é que estas são coisas com as quais se pode lidar com ajuda.

Mas nem todos temos de ter o mesmo tipo de amor…
O amor é muito individual e, por exemplo, no Ocidente temos uma obsessão em alcançar o amor romântico. Temos esta obsessão com o que é visto como o amor principal que temos de alcançar e se não o conseguirmos então há algo de realmente triste em nós. Mas isso não é verdade. Há muitos tipos de amor que podemos ter nas nossas vidas.

Penso que a mensagem é ajudar as pessoas a encontrarem uma forma de amor — seja com os seus amigos, família ou parceiros. Pode até ser um amor religioso, mas precisamos dessa satisfação vinda de algum lado.

Essa ideia de que precisamos do amor romântico está a começar a mudar?
Acredito que sim. As mulheres, em particular, estão a questionar realmente os tipos de amor que querem na sua vida porque já não precisam de casar para terem apoio financeiro e segurança. Portanto, podem escolher se querem ou não ter amor romântico. Acontece o mesmo com as crianças: as mulheres podem escolher se querem ter filhos e se não quiserem obviamente que precisam de amor nas suas vidas — todos nós precisamos. Muitas mulheres estão a virar-se para os seus amigos como a principal fonte do seu amor.

Penso que nos estamos a tornar muito mais abertos à ideia de que existe uma diversidade de amor e que não é preciso ter amor romântico em particular para ser uma pessoa bem-sucedida ou feliz.

Sobre o amor romântico, pode a nossa genética ditar se uma relação será bem-sucedida a longo prazo?
Há alguns genes que nos predispõem a sermos possivelmente melhores nas relações até certo ponto, mas isto não é determinista. É uma espécie de influência.

Existem várias versões do gene receptor da oxitocina, o que significa que uma pessoa pode estar mais motivada, vai trabalhar mais para encontrar e manter uma relação.

Depois, há certas capacidades relacionadas com a manutenção da relação tais como a empatia. Ou seja, algumas pessoas estão geneticamente predispostas a serem melhores a criar empatia do que outras, o que tem que ver com coisas como a comunicação e vulnerabilidade emocional que parecem ter um factor ligeiramente genético.

Portanto, de certa forma, sim, algumas pessoas são mais capazes do que outras e têm mais probabilidades de ter boas relações. Mas, como eu disse, os genes não são deterministas e há muita coisa que entra em jogo. Podemos ter todos os genes do mundo que são realmente bons para isso, mas se, por exemplo, criarmos uma relação com alguém que talvez não seja compatível com o nosso estilo de apego então todos esses genes não vão importar.

O que pode pesar na balança para o sucesso de uma relação?
Partilhar os mesmos valores é realmente importante, assim como ter o mesmo tipo de crenças sobre a vida e sobre o que é importante. As opiniões da família também podem acabar completamente com uma relação.

Ou seja, podes ser brilhante individualmente, mas, na realidade, a pressão da tua família, cultura e religião podem acabar com a relação. É, na verdade, muito complicado saber por que razão algumas relações funcionam e outras não.

Podemos controlar o amor?
Em última análise, não. Penso que é isso que os humanos acham difícil e que é por isso que falam com pessoas como eu.

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Embora agora saibamos muito sobre o amor e, em particular, sobre experiências individuais, nunca seremos capazes de fornecer uma fórmula absolutamente previsível que diga que vai funcionar.

A razão pela qual gosto de estudar os humanos é porque, à semelhança de outros animais, eles farão algo completamente louco e imprevisível e terás alguém à tua frente a criar uma relação realmente bem-sucedida a partir de algo que não era suposto funcionar.

O amor pode ser racional e lógico?
É muito difícil ser racional logo no início de uma relação porque o tipo de neuroquímica que está a inundar o cérebro é muito boa em fazer com que não vejamos bem a realidade e partes específicas do cérebro que são boas a detectar pessoas que vão mentir ou trair, por exemplo, ficam realmente desactivadas quando estamos apaixonados pela primeira vez — o que é conhecido como a medicalização do cérebro. É por isso que a afirmação “o amor é cego” é uma verdade.

Mas, à medida que vamos avançando e o nosso cérebro acalma um pouco, o cérebro consciente entra em acção e começa a pensar e depois então podemos ser um pouco mais racionais. Mas acho que nunca podes ser 100% racional e penso que se fores então provavelmente não estás apaixonado.

O amor ainda é essencial para sobreviver ou é mais uma escolha do que uma necessidade nos dias de hoje?
O amor ainda é absolutamente importante para a sobrevivência. Estudo após estudo mostra que o amor e as relações que construímos na nossa vida são o maior factor para uma boa saúde mental e física e para a longevidade. Sabemos que é mais poderoso do que deixar de fumar, fazer muito exercício ou ter um peso saudável.

O amor reduz muito a probabilidade de termos doenças crónicas como diabetes, doenças cardíacas ou insuficiência renal, assim como a probabilidade de contrairmos certas formas de cancro. Se tivermos [essas doenças] é muito mais provável que melhoremos rapidamente e vivamos mais tempo [se tivermos amor]. Acreditamos que muitas das substâncias químicas de ligação estão, de facto, na base do nosso sistema imunitário. Portanto, o amor é tão importante para a nossa sobrevivência hoje como sempre foi e penso que, por vezes, nos esquecemos disso.

A segunda razão está relacionada com a importância do amor para as crianças, particularmente nos primeiros dois anos de vida, quando os seus cérebros ainda se estão a desenvolver. Se não se dá amor a uma criança e ela não é bem cuidada, as consequências são bastante sombrias, sendo muito mais provável que essa criança tenha problemas de dependência, saúde mental e comportamento.

Embora pensemos que temos a sobrevivência assegurada porque temos comida, água e abrigo na maior parte do mundo, na verdade, o amor ainda é a coisa mais importante.

O amor requer um pouco de obsessão e ciúme?
Certamente requer obsessão porque quando se está apaixonado por alguém isso muda a nossa vida. Essa pessoa muda a nossa rotina e temos de a incorporar na nossa identidade. É uma mudança muito grande apaixonarmo-nos por alguém e, por isso, temos de estar um pouco obcecados para nos darmos ao trabalho de o fazer.

Além disso, sabemos que a obsessão é sustentada pela serotonina e as pessoas que têm baixos níveis de serotonina são mais obsessivas. Já as pessoas com altos níveis de serotonina — por não serem suficientemente obcecadas para se darem ao trabalho de alterar assim tanto a sua vida — têm mais probabilidades de serem solteiras.

O ciúme é importante porque, como todas as emoções, evoluiu para nos proteger. O que o ciúme faz é trazer à nossa atenção ameaças à nossa relação. Se estamos numa relação romântica com alguém e o nosso parceiro encontra outra pessoa isso ameaça-nos, particularmente se tivermos filhos, porque esses recursos e cuidados poderão desaparecer.

Portanto, o ciúme diz-nos “Há um problema” e põe-nos perante três opções: confrontar a pessoa que está a tentar roubar o nosso parceiro; concentrarmo-nos no nosso parceiro e tentar construir a relação e torná-la feliz; ou partir.

Quando é que isto deixa de ser benéfico?
Obviamente, com a obsessão e o ciúme há uma linha que quando se cruza eles se tornam um problema. A obsessão passa a perseguição se nos tornarmos demasiado obsessivos e o ciúme, em última análise — particularmente se for de uma forma coerciva ou violenta —, acaba em abuso.

Especialmente no Ocidente, temos a ideia de que no amor romântico só podemos ter um parceiro. Porquê?
A maior parte do Ocidente, em particular, baseia-se na monogamia por uma imposição cultural e da sociedade. Enquanto espécie, não somos 100% monógamos. Para ser honesta, não há nenhuma espécie que seja 100% monógama. Portanto, trata-se em grande parte de uma tentativa da sociedade para controlar a capacidade descontrolada do amor.

A sociedade e aqueles que estão nos poderes impõem leis e religiões que dizem que devemos casar e mantermo-nos comprometidos com uma pessoa, ter filhos com essa pessoa e não amarmos outra. É exclusivo e chegamos a esta ideia de um jogo de amor de soma zero que significa que se eu partilhar o meu amor romântico cada pessoa recebe só uma parte. Mas, se falarmos com pessoas poliamorosas, elas dizem que, na verdade, a cada pessoa que amam o seu coração cresce. De certa forma, o nosso coração também cresce quando temos mais do que um filho — as crianças não partilham um pote de amor, todas elas recebem montes de amor.

As pessoas poliamorosas estão a reconhecer o facto de que a espécie não é totalmente monógama. Na realidade, as pessoas vão-se desviar e 40 a 50% das relações experimentam a traição. Por isso, estamos a reconhecer abertamente que isso acontece no mundo e a comunicar sobre isso.

Então concorda que podemos amar múltiplos parceiros?
Neste momento, todos os estudos sobre poliamor são muito baseados em entrevistas e coisas desse género. Mas ainda não avançamos na ciência sobre o poliamor objectivamente para tentar compreender o que se passa no cérebro de uma pessoa poliamorosa e se quando ela está apaixonada podemos ver quaisquer diferenças em relação a uma pessoa monógama.

Mas, na verdade, estou mais inclinada para a ideia de que se pode amar mais do que uma pessoa ao mesmo tempo. Não é para todos, algumas pessoas não conseguem realmente lidar com isso. Mas a questão prende-se com a ideia de termos essas opções e diversidade. Penso que isso é importante.

E o que tem a dizer sobre o amor religioso?
O amor na religião é fascinante porque mostra o enorme poder do cérebro humano que nos permite amar algo em que não podemos tocar nem ver. Há um corpo realmente interessante de investigações feitas sobre o amor religioso e o amor a Deus. Por exemplo, colocaram pessoas muito religiosas em scanners e viram a impressão digital do amor e a forma como falam das suas relações com Deus — seja qual for o deus. O que observaram foi que essas pessoas falam sobre a sua relação com Deus como uma relação entre pessoas.

Além disso, sabemos que esses amores religiosos trazem tantos benefícios às pessoas como o amor de um ser que está fisicamente presente.

O que é a sincronia biocomportamental? Qual o seu papel no amor?
A sincronia biocomportamental, de certa forma, é uma representação biológica da importância do amor e do seu poder. Acontece em relações muito próximas, entre casais, pais e filhos, familiares ou amigos muito próximos. Quando estamos com alguém que nos é próximo espelhamos o seu comportamento e muitos dos mecanismos fisiológicos entram em sincronia — as pessoas apresentam o mesmo ritmo cardíaco, pressão sanguínea e a mesma temperatura corporal.

As activações no cérebro também coincidem e os níveis neuroquímicos, mesmo que todos comecem a um nível diferente, entram em sincronia e equilíbrio. Isto é a sincronia biocomportamental e o que mostra é que o amor é tão crítico que a evolução fez com que se infiltrasse em todos os mecanismos do nosso corpo. É um pouco como se dois organismos ou pessoas separadas se tornassem um só porque estão a partilhar tudo. É uma espécie de explicação biológica para as almas gémeas e penso que é uma das definições de amor.

Podemos falar de amor incondicional?
O amor incondicional é muito raro. A maior parte do amor é condicional e tem uma linha. O único amor que pode ser verdadeiramente incondicional ocorre nas relações entre pais e filhos — e mesmo assim não ocorre em todas. Não acredito que o amor incondicional ocorra no amor romântico.

Como antecipa o futuro do amor?
Veremos mudanças talvez em quem amamos e há esta ideia da entrada da Inteligência Artificial e um grande debate sobre se os robôs alguma vez nos poderão amar e nós alguma vez os poderemos amar a eles. Penso que é improvável porque o amor humano é muito complicado. Poderemos ser capazes de formar — talvez, no máximo — uma amizade com um robô, mas não tenho a certeza se chegaremos ao amor total.

A idade pode afectar a nossa forma de amar?
Não, pode-se encontrar amor apaixonado e maravilhoso em qualquer idade. O que acontece à medida que envelhecemos é que temos algum declínio cognitivo, o que significa que o nosso cérebro não age necessariamente da mesma forma do que quando somos mais novos. Alguns níveis neuroquímicos podem descer como, por exemplo, a beta-endorfina — que sustenta o amor a longo prazo. Portanto, podemos experienciar um início de amor menos explosivo à medida que envelhecemos e penso que o que as pessoas procuram quando envelhecem é companheirismo.

Ainda há mais dúvidas do que certezas sobre o amor?
Quando se trata de coisas como a genética, sim, porque quanto mais se olha para a genética mais complicada ela fica. Ao nível do cérebro, estamos realmente a começar a chegar lá e a compreender quais as partes que se activam. Sabemos quais são os quatro neuroquímicos envolvidos — oxitocina, dopamina, serotonina e beta-endorfina e acho que não vamos descobrir outro, mas a forma como eles interagem uns com os outros provavelmente ainda não é muito clara. Por isso, eu diria que provavelmente ainda temos mais a descobrir do que sabemos. Mas certamente já sabemos bastante.

Afinal, porque é que amamos?
Amamos fundamentalmente porque biologicamente temos de o fazer. Sem qualquer forma de amor temos uma vida bastante miserável e pouco saudável.

Mas também amamos agora porque é algo que se infiltra em todas as nossas culturas. Se pensarmos no número de vezes por dia que pensamos no amor, falamos de amor, vemos algo na televisão sobre o amor ou lemos sobre o amor [percebemos que] ele está em todo o lado. Amamos o amor e achamo-lo fascinante, divertido e alegre. Por vezes, é muito difícil, mas, em última análise, em equilíbrio, é algo que traz grande felicidade à vida das pessoas.

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