Menores passam dois meses por ano “agarrados” ao ecrã

Estudo analisou as tendências e o uso de ecrãs por menores entre os 4 e 18 anos em quatro países — Espanha, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália.

Foto
Redes sociais voltaram a ser a principal atracção digital para os menores em 2022 Katelyn Greer

Os menores passam "agarrados" aos ecrãs, fora da sala de aula, cerca de quatro horas por dia, o equivalente a dois meses por ano, dando preferência a redes sociais como o TikTok sobre aplicações de comunicação como o WhatsApp.

Estes dados foram retirados de um estudo elaborado pela plataforma Qustodio, especializada em segurança e controlo digital para famílias que conta com mais de quatro milhões de utilizadores no mundo.

Todos os anos, esta plataforma analisa a utilização que os menores fazem da Internet: as horas que passam em frente aos ecrãs, as aplicações e redes que mais utilizam ou as consequências que a hiperconectividade pode causar.

O estudo analisou as tendências e o uso de ecrãs por menores entre os 4 e 18 anos em quatro países — Espanha, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália — com cerca de 400.000 famílias a terem participado anonimamente, segundo os dados fornecidos pela plataforma e citados pela agência Efe.

É preciso “dieta digital”

O responsável desta plataforma, Eduardo Cruz, sublinhou esta quarta-feira, durante a apresentação do estudo à imprensa, a importância de adoptar uma “dieta digital” para tirar partido da Internet e dos ecrãs e tentar evitar os seus riscos e ameaças.

Entre as principais recomendações e conselhos para que os menores façam um uso responsável e não abusivo dos ecrãs, Cruz citou a importância de estabelecer um "cronograma tecnológico", discutir os ambientes digitais, evitar que os mais pequenos se tranquem no quarto para usar os ecrãs, partilhar conteúdos digitais com a família, oferecer alternativas atraentes no mundo físico ou "real" e colocar os mais velhos a darem o exemplo.

Eduardo Cruz destacou também a importância de estabelecer horários sem conectividade e de conseguir que os ecrãs não subtraiam tempo ou espaço de outras actividades, como o sono, estudo ou lazer.

O problema da hiperconectividade

A hiperconectividade ou ligação contínua está a tornar-se um problema grave em muitos casos e a gerar problemas de dependência para inúmeros menores que acabam a entender o mundo "físico" ou real como "um estorvo" nas suas vidas, alertou.

Entre os dados mais relevantes, destaca-se que 15,6% das famílias que participaram no estudo reconhecem que o abuso dos ecrãs gera problemas no dia-a-dia em casa, e que esses conflitos se repetem uma ou duas vezes por semana em 34% das habitações.

As redes sociais voltaram a ser a principal atracção digital para os menores em 2022, indicador que se repete nos quatro países onde foi realizado o estudo.

O TikTok supera claramente entre os menores redes sociais como o Instagram, cada vez mais utilizado por pessoas com mais de 30 e 40 anos, Snapchat, Facebook ou Twitter.

Em sentido contrário, em Espanha o uso de aplicações de mensagens e comunicação, como o WhatsApp, diminuiu no ano passado e o tempo que os menores passam nesses ambientes passou de 30 minutos em média em 2021 para 24 minutos no ano passado.

Entre os videojogos, a plataforma mais popular continua a ser a Roblox nos quatro países, sendo que o tempo que os menores passam diariamente nela ultrapassa as duas horas, segundo os dados recolhidos no estudo.

Após a pandemia de covid-19, o uso de ferramentas educativas na Internet continuou a diminuir e apenas uma dessas plataformas, a Smartick, continuou a aumentar o tempo de utilização entre os menores, ficando pelos 29 minutos em média por dia.

Entre as plataformas de vídeo online, o Prime Video teve um grande avanço entre os menores, embora ainda fique atrás da Netflix e YouTube, que continua a ser o favorito entre os jovens para assistir a vídeos nos quatro países.

Já o Twitch, que cresceu 150% em 2020, ano de confinamento, voltou a registar um ligeiro decréscimo no ano passado.