Em Singapura, um homem processou a mulher com quem queria ter uma relação amorosa por esta se querer ficar por uma amizade.
A mulher, Nora Tan, pode ser acusada de prejudicar a reputação de K. Kawshigan por ter alegado que o homem a "perseguiu e espiou". Nora Tan também está acusada de provocar danos financeiros a Kawshigan, pelos gastos em tratamento psicológico de que alegadamente precisou para ultrapassar o trauma.
A indemnização pedida ronda os três milhões de dólares singapurianos, que equivalem a cerca de dois milhões de euros.
Segundo o The Washington Post, houve uma segunda acusação - que acabou por ser descartada pelo tribunal - na qual Kawshigan referia que Nora não tinha cumprido um alegado acordo em "partilhar inspiração, desafios e conquistas" e manter "encontros com base na disponibilidade mútua". A mulher considerou que a segunda acusação tinha o objectivo de a obrigar a "aceitar a exigência do homem para voltar a falar com ele."
Nora Tan e K. Kawshigan conheceram-se em 2016, mas foi em 2020 que notaram estar "desalinhados" em relação à forma como viam o relacionamento, de acordo com o The Guardian. Citando os documentos do tribunal, o jornal britânico explica que enquanto Nora considerava o homem um "amigo", Kawshigan via-a como "a amiga mais próxima."
Nora e Kawshigan chegaram a ter 18 meses de terapia, depois de o homem a ameaçar com acção legal devido ao trauma emocional que lhe causara. Depois do ano e meio de acompanhamento psicológico, a mulher achava que Kawshigan desistiria de tentar ter uma relação de mais do que amizade com ela, mas tal não aconteceu.
Em Maio de 2022, Nora decidiu cortar todo o contacto com o homem, depois de ser pressionada a marcar encontros e a conversar.
A audiência vai acontecer na próxima semana e, por e-mail, K. Kawshigan disse ao Washington Post que não comentaria o caso até estar terminado.
O grupo de defesa da igualdade de género Aware disse ao The Guardian que o caso representa uma táctica comum em agressores que se colocam no local da pessoa prejudicada e castigam as verdadeiras vítimas.
"Numa sociedade que vê as mulheres como 'inferiores', muitos homens acreditam que têm direito às vidas e corpos das mulheres. Temos de desmantelar a masculinidade tóxica e as mentalidades patriarcais que sustentam estes comportamentos", afirmou o Aware ao jornal britânico.