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Os jogos que não foram de futebol foram de Pelé (e um foi no Estádio da Luz)

Ao longo da sua carreira, nos relvados que pisou, Pelé teve muitos momentos que o tornaram único entre os futebolistas de sempre. Aqui encontra alguns.

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Pelé foi homenageado no Mundial 2022 que se disputou no Qatar Reuters/PEDRO NUNES

Foram 92 "hat-tricks", 31 “póqueres", seis “manitas” e um jogo com oito golos. É este o registo individual de Pelé, que teve, na carreira, uma mão cheia de noites acima das outras. Noites nas quais se gritou “Pelé” mais do que qualquer outra coisa. Noites que não foram de futebol, foram de Pelé.

Benfica-Santos, 1962

Uma das melhores noites da carreira de Pelé foi em Lisboa. A 11 de Outubro de 1962, Benfica e Santos jogaram, no Estádio da Luz, na segunda mão da final da Taça Intercontinental [actual Mundial de Clubes]. O Benfica tinha perdido 3-2, no Brasil, e Pelé tratou, na Luz, de garantir que as parcas esperanças portuguesas não passariam disso mesmo.

Antes da meia hora de jogo, já Pelé tinha feito dois golos. Os brasileiros venceram por 5-2 (Eusébio e Santana marcaram para o Benfica) e Pelé, a poucos dias de completar 22 anos, fez quatro golos e uma assistência.

Sobre um dos seus golos na Luz, o "rei" descreveu, citado pelo jornal Opção, do Brasil: "Foi uma delícia. Driblei cinco jogadores e chutei no ângulo direito. Até os torcedores do Benfica aplaudiram”.

Após o jogo, o guarda-redes do Benfica, Costa Pereira, mostrou-se resignado. “Cheguei aqui a pensar parar um grande jogador, mas vou embora convicto de que fui dominado por alguém que não nasceu no mesmo planeta do que nós”. Costa Pereira disse isto de Pelé, mesmo treinando e jogando semanalmente com alguém chamado Eusébio. Eloquente.

Santos-Botafogo, 11-0

Este é, provavelmente, o jogo mais consensual na escolha do top-5 da carreira de Pelé. Oito golos marcados num só jogo é marca rara para o próprio Pelé – única vez que o conseguiu – e mais rara ainda para os comuns mortais.

A 21 de Novembro de 1964, o Santos recebeu o Botafogo FC (não o actual Botafogo da Liga brasileira), equipa na segunda metade da tabela do Campeonato Paulista. Reza a história que o Botafogo tinha ganho dois jogos ao Santos e, por isso, Pelé estava furioso e decidido a “atropelar” o rival. De cada vez que marcou, Pelé foi buscar a bola ao fundo da baliza e correu para o meio-campo, apressando um pontapé de saída que daria a possibilidade de “pisar”, ainda mais, o adversário.

Pelé 1, Pelé 2, Pelé 3, Pelé 4, Pelé 5, Pelé 6, Pelé 7, Pelé 8. Os três primeiros ainda antes dos 16 minutos.

Para compor o marcador, outros três jogadores marcaram, construindo o 11-0 final, mas foi uma noite de Pelé. A noite de Pelé.

Brasil-Suécia, 1958

29 de Junho de 1958, o dia de um dos melhores golos de sempre. Apesar de Pelé “só” ter marcado dois golos, no 5-2 à Suécia, na final do Mundial 58, tudo em torno desse dia foi glorioso para Pelé.

O Brasil foi campeão do mundo e Pelé tornou-se “dono” do mundo. Aos 17 anos, o brasileiro bisou em Solna, na final de um Mundial, sendo que o primeiro golo, aos 55 minutos, foi o famoso “cabrito”, antes do remate de pé direito, sem deixar a bola cair no chão.

Sigge Parling, defesa sueco, rendeu-se: “No final do 5-2, eu só queria juntar-me aos adeptos e ir para a bancada aplaudi-lo”.

Corinthians-Santos, 1964

Os duelos entre Santos e Corinthians são históricos e fazem ferver a cidade de São Paulo. Pelé foi, durante vários anos, um dos responsáveis por isso.

O Corinthians é a equipa à qual Pelé marcou mais golos durante a carreira – foram 50 – e um dos jogos foi particularmente marcante.

Pelé fez quatro golos, numa vitória por 7-4. Não foi a maior diferença em jogos entre as equipas, mas o “estrondo” dos sete golos sofridos juntou-se ao “póquer” de Pelé e, sobretudo, ao facto de tudo isto ter sido em plena casa do Corinthians.

Este jogo foi recordado em 2005, quando o Corinthians de Tévez e Nilmar vergou o Santos por estrondosos 7-1. Estava feita a desforra.

Peñarol-Santos, 1962

Diz-se que foi dos melhores jogos da carreira de Pelé, ainda que o craque brasileiro tenha feito “apenas” dois golos nessa partida. Em 1962, o Santos tornou-se o primeiro clube brasileiro a vencer a Taça Libertadores.

A 28 de Julho, frente aos uruguaios do Peñarol, treinados pelo então ex-Benfica Béla Guttmann, Pelé marcou aos 48 e 89 minutos, já depois de um autogolo uruguaio, para dar ao Santos a vitória por 3-0 e a primeira Libertadores da sua história.

Pelé consagrou-se, nesse jogo e com essa exibição, o “rei da América”.

Brasil-Itália, 1970

Diz, quem viu, que foi das melhores exibições da carreira de Pelé. Apesar de só ter marcado um golo, o brasileiro conduziu o Brasil ao título mundial, frente à Itália, fazendo-o com dribles, liderança, um golo e duas assistências, uma das quais para um dos golos mais memoráveis da história dos Mundiais, marcado pelo lateral Carlos Alberto.

O Brasil venceu por 4-1 e conquistou, no México, o terceiro Mundial da sua história. Mais glorioso, para Pelé, seria impossível. Mais de 107 mil pessoas assistiram ao recital de Pelé no gigante e lotado Estádio Azteca.

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