Jeremy Clarkson “odeia” Meghan Markle e entidade reguladora recebeu mais de 17.500 queixas
Deputados condenam “linguagem misógina e violenta” de Clarkson e defendem que o colunista deve sofrer consequências. O Sun retirou o artigo do site.
A entidade reguladora para a comunicação social britânica (Independent Press Standards Organisation - IPSO) recebeu mais de 17.500 queixas contra o apresentador de televisão Jeremy Clarkson por causa de um artigo de opinião que escreveu no tablóide Sun, onde diz que odeia Meghan Markle e que desejaria que esta caminhasse nua pelas ruas britânicas, enquanto os ingleses gritavam "vergonha" e lhe atiravam excrementos.
Mais de seis dezenas de deputados, de todas as facções políticas, uniram-se numa carta dirigida à direcção do Sun, exigindo um pedido de desculpas e que sejam tomadas medidas em relação ao colunista, noticia o The Guardian. Na carta lembram que Meghan Markle recebeu ameaças à sua vida e que colunas como a de Clarkson contribueam para um “clima inaceitável de ódio e violência”.
A carta, coordenada pela presidente do comité das mulheres e da igualdade, Caroline Nokes, do partido no Governo, foi assinada por deputados conservadores, trabalhistas, mas também por liberais, verdes e do SNP (o Partido Nacional da Escócia).
Os números são da manhã desta terça-feira e ultrapassa a totalidade de 14.355 queixas recebidas o ano passado pelo IPSO, noticia o The Guardian. Na segunda-feira, quando o valor era de seis mil queixas, Clarkson comentou que estava “horrorizado por ter causado tanta dor”. O artigo foi retirado a seu pedido da edição online do Sun, mas o apresentador do programa de automóveis Top Gear não avançou com qualquer pedido de desculpas.
Na sua coluna de domingo, Clarkson escreveu sobre Meghan, na sequência do documentário que está disponível no Netflix: “Odeio-a. Não como odeio [a primeira-ministra escocesa] Nicola Sturgeon ou [a assassina em série] Rose West. Tenho-lhe um ódio visceral.”
E a crónica continua: “À noite, quando me deito, sou incapaz de dormir, rangendo os dentes e sonhando com o dia em que ela é obrigada a desfilar nua pelas ruas de todas as cidades da Grã-Bretanha enquanto a multidão grita ‘Vergonha!’ e lhe atira pedaços de excrementos.”
Os duques de Sussex, como Harry e Meghan são oficialmente conhecidos, renunciaram aos seus deveres reais em Março de 2020, dizendo que queriam refazer as suas vidas nos EUA, longe do assédio mediático. Na série do Netflix, de seis episódios, Meghan fala sobre a maneira com foi tratada pelos meios de comunicação social, levando-a a ter pensamentos suicidas.
Na carta enviada à direcção do Sun, Caroline Nokes e os outros deputados declaram que “condenam com a maior veemência possível a linguagem misógina e violenta” usada por Clarkson. “Este tipo de linguagem não tem lugar no nosso país e é inaceitável que tenha sido permitida a sua publicação num jornal de grande tiragem”, apontam.
Os deputados acrescentam ainda: “Não podemos continuar a permitir que este tipo de comportamento não seja controlado. Congratulamo-nos com a retracção do artigo por parte do Sun e exigimos agora que sejam tomadas medidas contra o Sr. Clarkson e um pedido de desculpas sem reservas à Sra. Markle, de imediato.”
Oh dear. I’ve rather put my foot in it. In a column I wrote about Meghan, I made a clumsy reference to a scene in Game of Thrones and this has gone down badly with a great many people. I’m horrified to have caused so much hurt and I shall be more careful in future.
— Jeremy Clarkson (@JeremyClarkson) December 19, 2022
Numa declaração publicada na rede social Twitter, na segunda-feira, Clarkson afirmou: “Numa coluna que escrevi sobre Meghan fiz uma referência desajeitada a uma cena de A Guerra dos Tronos e isto ofendeu muita gente.” E acrescentou: “Estou horrorizado por ter causado tanta dor e terei mais cuidado no futuro.”
Por seu lado, um porta-voz da IPSO disse à agência noticiosa que o organismo vai seguir os “procedimentos habituais” para analisar as queixas recebidas. “Isto levará mais tempo do que o habitual devido ao volume de queixas”, acrescentou, citado pelo Guardian.