Livre elogia acordo de perdas e danos, mas diz que COP27 foi “uma desilusão”
O partido de Rui Tavares considera que a COP27 salvou-se “de ser um fracasso”, mas que não conseguiu “salvar o planeta” e apela a que a próxima cimeira seja consequente.
O Livre saudou esta segunda-feira o acordo final a que os países chegaram na 27ª Cimeira do Clima da ONU (COP27) para que se crie um fundo de compensação por danos climáticos para os países mais afectados pelas alterações climáticas, mas considera que este passo “é demasiado pouco para aquilo de que precisamos urgentemente”.
Num comunicado enviado às redacções sobre a conferência anual da ONU, que terminou no domingo passado, o partido de Rui Tavares afirma que a COP27 conseguiu salvar-se “de ser um fracasso”, visto que “ficará para a história, do lado positivo” que “tenha conseguido encerrar uma questão aberta pelos países mais afectados pelas alterações climáticas na Cimeira da Terra do Rio de Janeiro, em 1992”.
Embora refira que há muito por definir, designadamente, “a base de contribuintes para esse fundo, a sua estrutura organizacional e a sua forma de gestão”, o Livre sublinha que o consenso a que os países chegaram “representa um ponto de viragem no debate ecológico a nível global”. E elogia o “contributo positivo” da União Europeia (UE) que, defende, “agiu decisivamente para que o impasse se quebrasse” ao apoiar o fundo para as perdas e danos.
O partido ressalva, contudo, que a cimeira realizada no Egipto não conseguiu “salvar o planeta” e que este acordo “não nos pode fazer esquecer que o sentido de urgência é agora outro". “Infelizmente, este avanço, cuja relevância não deve ser minimizada, é demasiado pouco para aquilo de que precisamos urgentemente”, lê-se na nota.
O Livre acusa ainda a COP27 de ter sido “uma desilusão”, já que “um grupo de países liderados pela Arábia Saudita e pela Rússia” impediu que se fizesse “qualquer menção à erradicação (ou mesmo à diminuição) do uso de combustíveis fósseis” na resolução final da cimeira.
Por isso, o partido, que se compromete “com uma luta vigorosa” para acabar com o uso dos combustíveis fósseis, defende ser “essencial” que, na próxima cimeira anual do clima, a realizar-se no final de 2023 nos Emirados dos Árabes Unidos, “a discussão das perdas e danos já tenha dado frutos” e que “a discussão dos combustíveis fósseis tenha consequências”.
O encerramento da COP27, que arrancou a 6 de Novembro em Sharm el-Sheikh, no Egipto, foi adiado para domingo, embora estivesse previsto para sexta-feira, devido à dificuldade dos países da ONU em chegarem a um consenso sobre o financiamento das perdas e danos dos países mais afectados pelas alterações climáticas.
Finalmente, a conferência da ONU terminou com um acordo que prevê “ajudar os países em desenvolvimento que são particularmente vulneráveis” aos impactos “económicos e não económicos” das alterações climáticas, nomeadamente, através de “um fundo de resposta a perdas e danos”.
O acordo não prevê, no entanto, uma redução das emissões de gases com efeitos de estufa, pelo que foi criticado por diversas figuras como o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans.