As reacções ao acordo da COP27: alguns satisfeitos, muitos decepcionados
Depois de duas semanas e dois dias suplementares para concluir as negociações do acordo a aprovar, a 27.ª Cimeira do Clima das Nações Unidas chegou ao fim. Aqui estão algumas reacções ao resultado.
“É essencial haver um fundo para as perdas e danos – mas não é a resposta, se a crise climática fizer desaparecer do mapa um pequeno Estado insular ou transformar todo um país africano num deserto. O mundo ainda precisa de dar um salto de gigante na ambição climática”
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas
"A COP27 marca um pequeno passo em frente, mas muito mais é necessário para o planeta. Tratamos alguns dos sintomas, mas não curamos a febre do doente.”
Ursula Von der Leyen, presidente da comissão europeia no Twitter
“Peço-vos que reconheçam, quando saírem desta sala, que não fizemos todas as acções que podíamos na questão das perdas e danos. Devíamos ter feito muito mais, os cidadãos esperavam muito mais de nós. Isso significava: reduzir mais rapidamente as emissões”
Frans Timmermans, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, líder da missão europeia em Sharm el-Sheikh
“Este resultado faz-nos avançar. Determinámos um caminho a seguir numa conversa de décadas sobre o financiamento de perdas e danos - deliberando sobre a forma como abordamos os impactos nas comunidades cujas vidas e meios de subsistência foram arruinados pelos piores impactos das alterações climáticas.”
Simon Stiell, Secretário Executivo das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, citado no comunicado de imprensa do fecho da COP27.
"A COP27 definiu um caminho a seguir em uma conversa de décadas sobre financiamento para lidar com perdas e danos. Vamos usar esse sucesso como um trampolim para restaurar a confiança em nosso processo. Vamos usá-lo para alcançar maior ambição e implementação mais rápida.”
Simon Stiell, secretário-executivo UNFCCC, na conta do Twitter
“Aquilo a que assistimos no decorrer da COP27 foi uma tentativa de corroer a confiança neste limite [1,5 graus], apontando antes para o limite de dois graus que está igualmente previsto no Acordo de Paris.”
Comunicado conjunto das associações Zero e Oikos, duas organizações da sociedade civil portuguesa que estiveram presentes em Sharm el-Sheikh.
"O acordo sobre perdas e danos é importante, mas o fracasso em travar os combustíveis fósseis deixa o nosso mundo à beira de um catastrófico desastre global. Sem uma acção muito maior e mais rápida, não há esperança de se manter a 1,5 graus e testemunharemos a morte de milhões.”
Steve Trent, director da ONG britânica Fundação para a Justiça Ambiental, na conta pessoal do Twitter.
“É mais do que frustrante ver passos que já deviam ter sido dados há muito tempo na mitigação [redução de emissões] e abandono progressivo de combustíveis fósseis serem obstruídas por um determinado número de grandes emissores e produtores de petróleo.”
Annalena Baerbock, ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, numa declaração citada pela Reuters.
“A falta de progresso no abandono progressivo dos combustíveis fósseis mostra a hipocrisia dos governos dos países ricos e o seu blá-blá acerca de manter a subida da temperatura abaixo de 1,5 graus. Temos de aumentar ainda mais a nossa luta – nos nossos países e nas arenas internacionais.”
Lidy Nacpil, do Movimento dos Povos Asiáticos sobre a Dívida e o Desenvolvimento, citada pelo Guardian.
“Foi uma longa jornada de 30 anos desde o pedido até à criação do Fundo de Perdas e Danos para 134 países. Congratulamo-nos com o anúncio deste domingo e o texto conjunto elaborado ao longo de muitas noites. É um primeiro passo importante para reafirmar os princípios fundamentais da justiça climática.”
Sherry Rehman, ministra do Paquistão para a as alterações climáticas no Twitter
"Pela primeira vez - esta referência foi retirada no último momento na conferência em Glasgow - uma COP faz referência soluções baseadas na natureza e dedica uma secção a florestas” (...) "Mais uma [palavra] inédita!... A menção de “comida” num documento final [da COP].”
Leo Hickman, jornalista do Carbon Brief, no Twitter
"Lidar com perdas e danos é fundamental para proteger pessoas vulneráveis na linha de frente da emergência climática. A criação do fundo para perdas e danos na COP27 é um importante reconhecimento de que a justiça climática deve ser feita. Este é apenas o primeiro passo, há muito trabalho pela frente.”
Inger Andersen, directora da UNEP no Twitter
"Após longas negociações, a COP27 não mencionou a eliminação gradual de petróleo, gás e carvão no plano de mitigação. Mesmo diminuindo gradualmente. A linguagem de “baixas emissões” promovida pela Arábia Saudita inclui soluções falsas (+gás) e “mistura de energia limpa.”
Svitlana Romanko, activista e fundadora da ONG Razom We Stand, no Twitter