Trinta anos depois de ter lançado o primeiro perfume, Ana Salazar volta a assinar uma fragrância

O novo perfume está à venda a partir desta sexta-feira e a criadora de moda portuguesa descreve o cheiro como sendo reflexo da sua personalidade: “É, ao mesmo tempo, persistente e inesperado.”

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Ana Salazar tem 81 anos e quer continuar activa no mundo da moda Nuno Ferreira Santos/Arquivo

Em 1992, a consagrada criadora de moda Ana Salazar lançava o seu primeiro perfume. O sucesso foi tal que ainda há quem continue à procura desse produto, garante. Agora, 30 anos depois, volta a assinar uma fragrância, desta vez com o perfumista de nicho Miguel Matos. O perfume baptizado em homenagem da designer é apresentado nesta sexta-feira, 21 de Outubro, e são apenas 100 unidades.

“Lancei o meu primeiro perfume por volta de 1992. Foi feito com um perfumista muito importante, o Alberto Morillas”, começa por recordar, ao PÚBLICO, a designer. Desta vez, a criadora foi convidada por Miguel Matos, o premiado especialista em perfumes de nicho, para desenvolver uma nova fragrância, em que trabalharam durante mais de ano e meio, conta Salazar.

“O cheiro reflecte a minha personalidade. É, ao mesmo tempo, persistente e inesperado”, descreve. A fragrância de nicho — isto é, com ingredientes de qualidade superior e propostas olfactivas mais originais — junta “as impressões de coco, água do mar, jasmim, caxemira, madeiras, caramelo, musk e notas animálicas”, explicam os criadores em comunicado.

O frasco não foi desenhado por Ana Salazar e, junto com o perfumista, optaram por escolher um modelo “clássico” para este regresso ao mercado dos perfumes. Mas numa próxima aventura — de que fala já, lembrando que nunca é tarde para empreender, mesmo aos 81 anos — quer desafiar-se a criar o frasco. No entanto, “fazer um frasco implica bastante dinheiro”, observa.

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Perfume Ana Salazar DR

“Temos tudo para continuar. Ainda por cima alguns [frascos] já foram vendidos no estrangeiro”, avança, optimista. É sinal de que o perfume que estará à venda a partir desta sexta-feira na perfumaria Embassy, em Lisboa, já tem menos de 100 unidades — custa 120€. O propósito, sublinha Ana Salazar, sempre foi fazer uma edição muito limitada quase para coleccionadores, para quem tem saudades de ditar as modas na passerelle. “Devido ao panorama geral da moda, é difícil regressar às colecções”, lamenta. “Mas estou sempre presente a fazer coisas diferentes”, lembra.

Criar perfumes não é uma tarefa estranha aos criadores de moda, argumenta Ana Salazar: “Há no mercado imensos perfumes com o nome de vários criadores. Acho que faz todo o sentido.” Por exemplo, nas últimas décadas, Thierry Mugler deixou a marca de moda epónima para se dedicar apenas à perfumaria. O exemplo mais icónico é o Chanel N.5 desenvolvido por Coco Chanel há mais de 100 anos — a casa de luxo continua a lançar várias fragrâncias, tal como a Dior, a Gucci ou a Valentino.

Ana Salazar, ao mesmo tempo que trabalhava na nova fragrância, tem colaborado como consultora do Museu do Design e da Moda, em Lisboa, que terá “um novo figurino” quando reabrir, na sequência das obras a decorrer desde 2016. No ano passado, a designer assinou, ainda, as fardas da Junta de Freguesia da Estrela, também na capital. Ainda que esse seja um trabalho criativamente “mais limitado”, elogia que seja uma forma de “abrir a moda a outros sectores”.

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