Quem nunca ouviu falar do Chanel N.º 5 que atire a primeira pedra. O icónico perfume faz 100 anos, nesta quarta-feira. Foi a 5 de Maio de 1921 que Chanel lançou o perfume criado por Ernest Beaux. O sucesso da fragrância foi tal que se tornou o perfume mais icónico do mundo, promovido por estrelas do cinema como Marylin Monroe, Catherine Deneuve ou Nicole Kidman.
No início dos anos 20, do século passado, Coco Chanel já era um fenómeno da moda em França. Em 1921, tinha, aliás, várias boutiques de sucesso, em Paris, Deauville e Biarritz, era dona de uma mansão no Sul de França e conduzia um Rolls Royce. Tinha chegado a Paris pouco mais de uma década antes, em 1909, como amante do barão Etienne Balsan, e abriu uma pequena boutique.
A infância de Coco Chanel não foi fácil, mas serviu de inspiração para a criação da icónica fragrância. O pai era dono de uma banca no mercado e a mãe era lavadeira, numa pequena aldeia. Quando a mãe morreu, a jovem Coco foi para um convento, onde passou a adolescência.
Foi o cheiro a roupa lavada e a frescura — que lhe recordavam a mãe — o ponto de partida para a fragrância de Chanel. Em 1920, tinha decidido criar um perfume para as suas melhores clientes, mas encontrar um perfumista que conseguisse criar o que tinha idealizado não foi simples. Na época, a única forma de criar um perfume fresco era com recurso a citrinos, como laranja, limão ou bergamota. O problema, explicou o perfumista Frederic Malle, à BBC, é que o cheiro de tais ingredientes naturais não durava na pele.
No Verão daquele ano, quando Coco Chanel foi de férias para a Côte d'Azur, ouviu falar de um perfumista, que trabalhara para a família real russa e vivia em Grasse, o centro da indústria dos perfumes. Tratava-se de Ernest Beaux, que aceitou o desafio da criadora de moda e trabalhou vários meses para encontrar a fragrância perfeita.
Eventualmente, conseguiu criar dezenas de amostras de perfume, que apresentou a Coco Chanel. Os frascos estavam numerados de um a dez e de 20 a 24. O eleito foi — claro — o frasco número cinco. Correm rumores de que aquele frasco era resultado de um erro laboratorial — um assistente de Ernest Beaux, por engano, tinha adicionado uma dose de aldeído, um composto orgânico, numa quantidade nunca usada até então.
Os aldeídos cheiram precisamente a sabão, daí que o perfume tenha encantado Coco Chanel, explicou Tilar Mazzeo, autor de O Segredo do Chanel N.º 5. “Era o que eu estava à espera. Um perfume sem igual. Um perfume de mulher, com um cheiro de mulher”, disse, mais tarde, Coco Chanel. Jasmim, rosa, sândalo e baunilha são os principais ingredientes do perfume que se tornou um sucesso imediato, sobretudo graças à estratégia de marketing da criadora.
Coco Chanel terá convidado Ernest Beaux e alguns amigos para jantar num restaurante popular da Riviera Francesa, para celebrar a conquista, e perfumou a mesa com a fragrância. Todas as mulheres que passavam pela mesa perguntavam que cheiro era aquele e de onde vinha. “Para a Chanel, aquele foi o momento em que confirmou que aquele seria um perfume revolucionário”, garante o autor de O Segredo do Chanel N.º 5.
Coco Chanel acreditava que o número cinco lhe dava sorte e, por isso, o perfume foi lançado no dia cinco do mês cinco, Maio. Foi pioneiro na história da publicidade, ao ter um realizador de Hollywood a dirigir um anúncio de televisão. Marylin Monroe tornou-se um dos rostos do Chanel N.º5, depois de ter dito que, para dormir, usava (apenas) algumas gotas do perfume. Ao longo das décadas, surgiram novas versões do perfume, com campanhas publicitárias protagonizadas por estrelas como Ali Mac Graw, Lauren Hutton, Catherine Deneuve, Nicole Kidman ou, mais recentemente, Marion Cotillard.
Na galeria de imagens, veja algumas das campanhas publicitárias do Chanel N.º5, bem como a evolução do frasco do icónico perfume, idealizado por Coco Chanel.