Um elogio à escola e aos professores
O que começou por ser um conto escrito para a RTP2 transformou-se “num livro colorido, vibrante e afectuoso”, diz o autor do texto, João Pedro Mésseder. O ilustrador, Helder Teixeira Peleja, considera-o “muito interessante e divertido”.
Bem-vindos à Escola dos Jacarandás. É onde tudo se passa. Por ali, escuta-se muitas vezes “obrigado”, “desculpa”, “por favor” e “bom dia”. Até parece uma escola perfeita, mas, como todas, esconde alguns problemas. E não são todos de Aritmética ou de Matemática, embora ali se ajude a aprender a multiplicar até os pães… com queijo. Isto porque uma professora dedicada e atenta trata todos por igual. Não ensina apenas a tabuada de multiplicar, mas a generosa atitude de dividir.
João Pedro Mésseder, autor do texto, diz ao PÚBLICO, via e-mail: “É bom ter pensado este conto a partir da poesia que, para mim, existe na tabuada. Que sempre existiu, desde que, na minha escola primária, comecei eu próprio a decorar e a recitar tabuadas, como se fossem poemas ou fórmulas de encantamento. (E obrigado, Eugène Guillevic, Millôr Fernandes, Maria Alberta Menéres, Manuel António Pina, por me terem revelado, melhor ainda, a poesia que existe na Matemática.)”
Também lhe agrada “ter pensado este conto a partir das ideias de gentileza, de simpatia, de generosidade e de cooperação fraterna”. Diz ainda: “Ao contrário de alguns (incluindo escritores), eu sempre gostei, continuo a gostar, da escola, da ideia de educar atentando nas motivações, respeitando os valores generosos que a escola pode transmitir (inclusão, paz, cooperação, diálogo, entreajuda, simpatia, gentileza…), respeitando a individualidade e a condição de criança, a natureza lúdica que lhe é própria. E, sublinho, respeitando também professoras e professores, o devotado e admirável trabalho que todos os dias fazem na escola pelos seus alunos, pela comunidade, e que é um pilar insubstituível da sociedade.”
Nem todos chegam com pequeno-almoço tomado
Como se revela na sinopse do livro, a história dá-nos conta de uma escola “onde estudam estudam meninas e meninos de todas as cores e de diferentes origens”. No entanto, são iguais numa coisa: “Todos gostam de brincar e de aprender, e, a meio da manhã, têm todos muito apetite.” Parece haver por ali uma fada, a tal professora que multiplica e divide. Nem todos os meninos chegam com pequeno-almoço tomado.
Também o ilustrador, Helder Teixeira Peleja, falou com o PÚBLICO, para dizer: “Este foi um livro que ilustrei com bastante fluidez, não só pela qualidade da escrita, mas também por se passar num ambiente que conheço bem, pois tenho formação na área da educação. Por isso foi com relativa facilidade que as ideias fluíram e passaram para o papel e depois começaram a ganhar cor. Tentei com as cores utilizadas transmitir a multiculturalidade reflectida no texto.”
O resultado do trabalho de ambos é um livro terno, expressivo e educativo, mas também divertido.
O que faz João Pedro Mésseder igualmente feliz é ter um livro em que aparece “a cor… jacarandina”, que não sabe descrever de outra maneira. “Eu adoro jacarandás; a partir de Maio, encanto-me com os de Lisboa e do Sul; fico um bocadinho triste por só ter um jacarandá pertinho da minha casa, no Porto, mas, noutros momentos, sinto-me bem contente por o ter. O jacarandá é como se fosse a figuração arbórea da professora Inês, personagem do livro; é um símbolo de protecção e duma alegria de que nunca devemos desistir: na escola, na sociedade, na vida.” Vamos a isso.