Houve um tempo em que regressar a Lisboa depois de dois ou três dias de viagem pelo país dava direito a dia e meio de depressão. Hoje, regressar à capital é, digamos assim, um alívio digestivo. Porquê? Por causa da crónica aversão da restauração tradicional aos vegetais e às saladas em geral. Uma pessoa pode, no Verão, andar pelas Beiras, subir a Trás-os-Montes e virar à esquerda para o Minho e deliciar-se com inúmeros e saborosos pratos, mas nem um único vegetal digno aparece à mesa. No Inverno ainda temos grelos e couves (os verdes, como eles dizem), mas, depois disso, nada. Ou quase nada. Nalguns casos, quando pedimos uma hortaliça que seja – só porque já estamos há dias a comer como se fôssemos trabalhar para as obras –, arma-se o caos na cozinha.