Os ingredientes para uma gravidez saudável
São muitas as dúvidas sobre a alimentação na gravidez e no pós-parto. No Dia Mundial da Grávida, que se assinala nesta sexta-feira, 9 de setembro, é importante esclarecer que alimentar-se bem na gravidez não significa comer por dois e que, especialmente nesta fase da vida, um acompanhamento especializado pode ser uma mais-valia.
Uma alimentação de elevada qualidade nutricional e em quantidade adequada é determinante para o bom crescimento e o desenvolvimento fetal, mas também para a prevenção de complicações durante a gravidez, parto e pós-parto, bem como para a saúde do bebé no futuro.
Tendo em conta que a única fonte de energia e nutrientes para o feto está dependente da ingestão alimentar materna (durante a vida intra-uterina via placenta e após o nascimento através do leite materno), é compreensível que a mulher tenha muitas dúvidas relativas à alimentação.
Durante a gravidez, o organismo da mulher necessita de um acréscimo em energia e nutrientes para fazer face ao duplo crescimento: o do feto e o dos órgãos da gestante, preparando-a também para o aleitamento. Inevitavelmente, haverá ganho de peso, que deverá ser lento e progressivo, de acordo com o peso prévio à conceção. Isto significa que o ganho total na gestação de uma mulher que engravida já com excesso de peso deva ser menor que o de uma mulher que engravida com o adequado — e este, por sua vez, menor do que o de uma mulher que engravida com baixo peso.
Alimentar-se bem na gravidez não significa comer por dois. Um ganho de peso rápido e excessivo acarreta sérias complicações para a mãe (desde diabetes gestacional a complicações durante e após o parto) e para o bebé (recém-nascidos grandes e com risco de obesidade e outras doenças metabólicas).
A gravidez também não é altura para dietas restritivas. Se as fizer, a mulher ficará debilitada, e condicionará o desenvolvimento fetal, com risco de malformações, baixo peso ao nascer e parto prematuro, para além de comprometer a qualidade do seu leite.
Tão importante quanto a quantidade de alimentos ingeridos ao longo do dia, é a sua riqueza nutricional. É fundamental incluir alimentos frescos, privilegiando o consumo de água, frutos, legumes e leguminosas, assim como de cereais pouco refinados, sementes, lácteos com pouca gordura, carnes brancas e peixe (excluindo aqueles que acumulam metais pesados). Isto não implica gastos excessivos nem grandes aptidões culinárias, até porque a confeção deve ser simples, com pouco sal, realçando o sabor natural dos alimentos. Não esquecer ainda que a correta higienização dos alimentos, sobretudo daqueles que se destinam a ser consumidos crus, é essencial para evitar infeções alimentares.
A grávida, bem como a mãe a amamentar, deverá recusar a ingestão de bebidas alcoólicas e limitar a ingestão de café. Refrigerantes e produtos processados (ricos em açúcar, sal, gordura e outros aditivos), assim como alimentos crus ou cozinhados de forma insuficiente, não devem fazer parte do dia alimentar de grávidas e lactantes. Importante referir que não há qualquer justificação para excluir a ingestão de alguns alimentos a fim de prevenir alergias ou intolerâncias alimentares no bebé, tal como se desconhecem alimentos que aumentem a produção de leite materno.
A futura mãe deverá alimentar-se de forma saudável, planeando as suas refeições, e fazendo escolhas alimentares variadas, de forma a prevenir desequilíbrios nutricionais. O mesmo deverá acontecer no pós-parto, resistindo à pressão para retornar à forma e peso corporais prévios à gravidez com recurso a dietas drásticas.
Assim, todas as grávidas — idealmente todas as mulheres que planeiam engravidar — beneficiam se receberem orientação nutricional individualizada, fundamental para melhorar o estado nutricional, controlar o ganho de peso e, simultaneamente, garantir ao feto os nutrientes necessários, essencial para a sua saúde futura.
O acompanhamento por um nutricionista contribui para que a futura mãe se sinta segura em relação à alimentação na gravidez, sendo esclarecida nas dúvidas relacionadas com a amamentação e a alimentação do bebé. Este profissional orientará ainda a alimentação da recém-mãe a fim de esta poder recuperar a forma, assegurando o bem-estar e a produção de um leite materno de qualidade.