De moedas a selos de correio: que símbolos reais serão alterados com a morte de Isabel II?
A morte da monarca obriga a várias transformações no país, por onde correm selos de correio, moedas ou bandeiras com o seu rosto ou nome. O símbolos reais terão agora de se ajustar ao novo rei, Carlos III.
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Ainda só poucas horas passaram desde a notícia da morte de Isabel II, mas o Reino Unido já tem de olhar para o futuro: o que fazer com todos os selos, moedas, notas ou bandeiras onde se vê a cara da antiga monarca? Tudo terá de acabar por desaparecer da vida pública, mas, tal como o seu reinado se prolongou durante largos anos, também esta mudança dos símbolos reais levará o seu tempo.
A começar pelo hino, cuja primeira versão remonta a 1745, e que talvez seja a mudança mais evidente (e a mais simples de implementar), segundo escreve o jornal Guardian. A icónica frase “God save the queen” terá de passar a “God save the king”.
Na mesma linha, também algumas frases que lhe fazem referência nas orações do Livro de Oração Comum ou nos serviços religiosos anglicanos precisarão de ser alteradas. A título de exemplo, na Igreja Anglicana, da qual era governante suprema (cargo que Carlos III também herdou), apela-se a Deus para que “governe o coração da tua serva escolhida Isabel, nossa rainha e governante, para que ela possa, acima de tudo, procurar a tua honra e glória”.
Na Câmara dos Comuns, os deputados deixarão de dizer o seu nome quando fizerem o juramento de lealdade à coroa. Desde 1952, a lengalenga tem sido (em tradução livre): “Eu (nome do membro) juro por Deus todo-poderoso que serei fiel e um aliado verdadeiro de sua majestade, a rainha Isabel, e seus herdeiros e sucessores, de acordo com a lei. Assim Deus me ajude.”
No que à parte iconográfica dos símbolos reais diz respeito, todas as bandeiras que mencionem a sigla EIIR (que significa Isabel Regina II), das que esvoaçam à porta das esquadras da polícia às usadas nos navios ou aviões militares, também precisarão de ser alteradas.
Assim como a cara gravada nas moedas e notas a que os britânicos, e não só, se habituaram terá de ser trocada pela do novo rei. Até Fevereiro de 2021, circulavam cerca de 4,5 mil milhões de notas e moedas no valor combinado de 80 mil milhões de libras. A passagem demorará pelo menos dois anos, estima o jornal britânico Guardian, com base no tempo que o processo durou aquando da subida ao trono de Isabel II, em 1952. Na altura demorou 16 meses, mas as notas ainda não tinham o rosto do então monarca, o pai de Isabel II.
Também a imagem que se vê nos selos de correio será modificada. Porém, tudo indica que a abreviatura oficial da rainha, ER, exibida nos postos de correio não será removida, considerando que muitos ainda apresentam a abreviatura do rei Jorge VI.
Quanto às armas reais, que ostentam um leão e um unicórnio encostados a um escudo, ainda não é certo se receberão um novo visual. A acontecer, o que seria muito dispendioso, as armas passariam a representar o País de Gales em referência ao novo rei.
Por fim, alguns dos 14 outros países em que Isabel era chefe de Estado terão de ajustar as suas constituições. Tais alterações poderão implicar referendos em certos países, como Jamaica e Belize, onde os movimentos antimonárquicos se reacenderam com a independência de Barbados. Já países como a Austrália, o Canadá ou a Nova Zelândia têm previsto que um novo monarca se torne automaticamente chefe de Estado.