Com mais de 1000 mortos e 33 milhões de afectados pelas cheias, Paquistão pede ajuda
“Eu nunca vi destruição a esta escala, tenho muita dificuldade em encontrar palavras… é esmagador”, diz o ministro dos Negócios Estrangeiros, Bilawal Bhutto-Zardari. “A magnitude da calamidade é maior do que o estimado”, afirmou o primeiro-ministro.
No dia em que o organismo de gestão de catástrofes contabilizou 1033 mortos, o Governo do Paquistão apelou a mais ajuda internacional para enfrentar aquilo que descreve como “desastre humanitário de proporções épicas provocado pelo clima”. Horas mais tarde, o número de mortos subia para 1061, de acordo com o último balanço divulgado pela Autoridade Nacional de Gestão de Catástrofes (NDMA).
A NDMA registou a morte de 28 pessoas neste domingo, num altura em que as autoridades ainda estavam a tentar alcançar aldeias remotas em zonas montanhosas no norte do país, o que pode aumentar ainda mais o número de mortos.
Mais de 33 milhões de pessoas, ou um em cada sete paquistaneses, foram afectados pelas monções com chuvas torrenciais, cheias e desabamentos das últimas semanas e quase um milhão de casas foram destruídas ou severamente danificadas, de acordo com o Governo.
Os militares juntaram-se agora aos membros da protecção civil nacionais e das várias províncias e o chefe do Exército esteve este fim-de-semana no Baluchistão, região do Sul do país, fortemente atingida pelas chuvas.
Os dirigentes paquistaneses pediram ajuda à comunidade internacional e pretendem lançar o apelo a um fundo internacional. “A magnitude da calamidade é maior do que o estimado”, disse o primeiro-ministro Shehbaz Sharif, no Twitter, depois de visitar áreas inundadas. O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que a Turquia já enviou uma equipa para ajudar nos esforços de resgate.
Na província de Sindh, também no Sul, com quase 50 milhões de habitantes, o pior ainda estará para vir, com dilúvios, ameaçando mais milhões de paquistaneses, dizem as autoridades. Em Sindh, diz a BBC, que visitou várias cidades da zona, a mensagem é sempre a mesma: “Mandem ajuda”.
As inundações deste ano têm sido devastadoras – e ainda não se consegue calcular totalmente o seu impacto, acrescenta a BBC. Infra-estruturas muito básicas ou sem manutenção há anos ajudam a explicar parte das consequências. Mas o Paquistão já lidou muitas vezes antes com cheias e responsáveis dizem que nada os preparou para o que está a acontecer este ano.
“Eu nunca vi destruição a esta escala, tenho muita dificuldade em encontrar palavras… é esmagador”, disse à Reuters o ministro dos Negócios Estrangeiros, Bilawal Bhutto-Zardari, repetindo o pedido de mais ajuda internacional já feito por Sharif.
“Pessoas no mundo inteiro falam das alterações climáticas e isso é apenas teoria”, desabafou à BBC um responsável envolvido na distribuição de ajuda na cidade de Larkana, muito afectada. “Estamos a ver com os nossos olhos que as alterações climáticas estão a acontecer. Nunca tivemos tanta chuva num ano… agora precisamos de pensar como é que podemos construir o futuro – como é que começamos?”
O NDMA disse que mais de 80 mil hectares de terra cultivável tinham sido devastados e mais de 3.400 quilómetros de estradas e 157 pontes tinham sido destruídos.
Notícia actualizada às 7h45 do dia 29 de Agosto: foi actualizado o número de mortos nas cheias