Procurador-geral dos EUA confirma que assinou pedido para fazer buscas na casa de Trump

Merrick Garland anunciou também que já pediu autorização para que o tribunal divulgue ao grande público o mandado de busca, e garante que continuará a fazer o seu trabalho “sem receio, nem favorecimento”.

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Merrick Garland é o responsável pelo Departamento de Justiça dos EUA Reuters/POOL

Numa comunicação anunciada com pouca antecedência, ao fim da tarde desta quinta-feira, o procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, anunciou que já solicitou a divulgação pública da lista de documentos procurados na mansão de Donald Trump, na segunda-feira, por agentes do FBI. Ao mesmo tempo, afirmou que foi ele próprio quem assinou o pedido feito aos tribunais, pondo fim a especulações sobre o escrutínio a que foi submetido o primeiro mandado de sempre contra um ex-Presidente dos EUA.

A curta declaração do responsável pelo Departamento de Justiça norte-americano (a primeira oficial desde segunda-feira, e feita sem direito a perguntas dos jornalistas) surge na sequência de uma onda de acusações de instrumentalização política do FBI, feitas por vários congressistas do Partido Republicano próximos de Trump, e de ameaças contra a integridade física de agentes da polícia federal dos EUA.

Nesta quinta-feira, horas antes da comunicação de Garland, um homem tentou invadir os escritórios do FBI em Cincinnati, no estado do Ohio, vestido com um colete à prova de bala e armado com uma espingarda semiautomática AR-15 — uma das armas mais usadas, nos últimos anos, por atiradores em ataques a escolas, igrejas e vários locais públicos e de diversão. Durante a fuga, o suspeito disparou contra a polícia e, ao início da noite, estava contido numa área da cidade e cercado por agentes de várias forças policiais.

“Não ficarei calado quando a integridade [do FBI] é atacada de forma injusta”, disse o procurador-geral dos EUA. “Os homens e as mulheres do FBI e do Departamento de Justiça são servidores públicos dedicados e patriotas. Todos os dias protegem o povo americano de crimes violentos, terrorismo e outras ameaças à sua segurança, ao mesmo tempo que protegem também os nossos direitos civis. E fazem-no com grande risco e sacrifício pessoal. É uma honra trabalhar com eles.”

Garland, de 69 anos, foi procurador no Departamento de Justiça, no departamento de investigação criminal, durante a década de 1990. Nesse papel, liderou algumas das investigações mais complexas de terrorismo doméstico nos EUA, garantindo as condenações do principal responsável do atentado em Oklahoma City, Timothy McVeigh, e de Ted Kaczynski — o bombista que aterrorizou o país entre 1978 e 1995.

Nesta quinta-feira, fez questão de esclarecer que foi ele quem assinou o pedido aos tribunais para que a mansão de Trump, na Florida, fosse alvo de buscas. Sem fazer qualquer referência aos motivos, disse que já pediu autorização — ao grande júri que as autorizou — para divulgar os objectivos da operação realizada na segunda-feira.

Na terça-feira, um dos filhos de Donald Trump, Eric Trump, disse que as buscas estão relacionadas com a denúncia de que o ex-Presidente dos EUA levou para a sua mansão, na Florida, milhares de documentos e objectos que deviam ter sido entregues aos Arquivos Nacionais — a agência responsável pela catalogação e preservação dos registos oficiais da Casa Branca.

“O Departamento de Justiça não tomou esta decisão de ânimo leve”, disse Garland, referindo-se ao pedido para um mandado de busca na casa de um ex-Presidente dos EUA — a primeira de sempre na história do país. “Sempre que possível, a nossa prioridade é usar meios menos intrusivos do que as buscas e limitar ao máximo o âmbito das buscas quando não temos alternativa.”

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