Morreu Archie Battersbee, o menino de 12 anos que estava com suporte de vida

Foi desligado este sábado o suporte de vida de Archie Battersbee, o menino inglês de 12 anos que estava em coma.

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Archie Battersbee estava em coma no hospital Royal London, desde Abril EPA/ANDY RAIN

Foi desligado este sábado o suporte de vida de Archie Battersbee, o menino inglês de 12 anos que estava em coma, no hospital Royal London, desde Abril.

“Archie morreu às 12h15 de hoje [sábado]”, disse Hollie Dance, mãe do menino.

A decisão de desligar as máquinas, dado o seu estado de morte cerebral, foi adiada várias vezes, numa batalha legal entre a família e o hospital e que envolveu vários tribunais, entre os quais o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. No entanto, ao final desta sexta-feira, foi tomada uma decisão: o suporte de vida de Archie seria desligado no sábado.

Na sexta-feira, um porta-voz da família informou que foram esgotados todos os recursos legais e que “a família está devastada e a aproveitar os últimos momentos com Archie”.

Na quinta-feira, os pais pediram para o menino de 12 anos ser transferido para uma unidade de cuidados paliativos. Mas o Supremo Tribunal de Justiça, em Londres, não autorizou o pedido. Os pais, Hollie Dance e Paul Battersbee, recorreram para o Supremo Tribunal, que recusou o pedido, alegando que a transferência “não é do melhor interesse” da criança e apresenta riscos “imprevisíveis”. Os especialistas médicos ouvidos pelo tribunal, na sequência do pedido submetido na quinta-feira, defenderam que a mudança para uma unidade de cuidados paliativos podia ser “arriscada e imprevisível”.

Nas últimas semanas, o casal apelou ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos para que adiasse a retirada do suporte artificial de vida, mas o pedido foi rejeitado. O tribunal europeu recusou-se a interferir com decisões dos “tribunais nacionais”.

A mãe está convicta de que a causa da lesão cerebral do filho, que o Guardian recorda como um “ginasta talentoso e um amante de artes marciais mistas”, foi o desafio online “Blackout Challenge”, que terá viralizado no TikTok, a partir do ano passado.

A 7 de Abril, Hollie Dance​ encontrou o filho inconsciente em casa, em Southend-on-Sea, Essex. O rapaz tinha sofrido uma lesão cerebral depois de ter feito o desafio em causa, no qual os participantes são incentivados a asfixiar-se até perderem a consciência. A família conta que a criança era activa, praticante de artes marciais e ginástica. Era um “lutador nato”, descreve a mãe, citada pela BBC.

Na sequência do desafio, que já matou mais de 80 crianças e jovens, Archie acabou por ser transferido para o hospital Royal London, onde o diagnóstico foi de morte cerebral. Depois de os pais terem rejeitado um pedido por parte do Barts Health NHS Trust para realizar um teste de forma a verificar o estado da criança, o caso avançou para tribunal. Entretanto, a batalha judicial passou a focar-se na continuação do suporte artificial de vida.

O caso abriu uma discussão nacional sobre a avaliação dos médicos contra as intenções dos familiares. De acordo com a lei britânica, é comum que os tribunais intervenham quando os pais e os médicos estão em desacordo sobre o tratamento de uma criança. Quando isso acontece, os direitos da criança sobrepõem-se ao direito dos pais para decidirem o que consideram melhor para os seus filhos. Com Lusa

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