Moda passageira ou não, o futuro é dos enohippies
Na verdade, os enohippies mal se distinguem dos produtores convencionais. Por norma, tomam banho todos os dias, não têm por hábito usar tranças e só uns poucos fumam umas ganzas. Já não protestam contra o capital, nem contra o nuclear, nem contra a guerra, nem contra nada, a bem dizer, tirando os vinhos que não se encaixam na sua linha. Vivem numa bolha, provam-se uns aos outros e até fazem vinhos uns com os outros.
Até há poucos anos, na generalidade das adegas, só se usavam cubas de inox e barricas. E já era um grande avanço. Antes, fazia-se vinho nas mesmas pipas e tonéis de sempre, mais difíceis de higienizar. Agora, se quisermos estar trendy, na moda, já não chegam as cubas de inox e as barricas. É preciso ter também, no mínimo, uns “ovos” de cimento (cubas de cimento em forma de ovo), umas ânforas sem revestimento e uns balseiros austríacos. E temos que usar estes recipientes da forma mais inventiva possível, se quisermos fazer vinhos atractivos e com carácter. Vinhos esses que não podem ser muito concentrados, nem extraídos; devem ser pouco alcoólicos, frescos e gulosos.
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